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03/Dec/2025

Trigo argentino pressiona preços e ameaça o milho

Segundo a AgResource, a safra recorde de trigo na Argentina derrubou os preços internacionais e deve reduzir a procura por milho para ração na América Latina. Com o cereal argentino vendido a valores inferiores ao milho local e ao produto exportado pelo Golfo dos Estados Unidos, o trigo entrou na disputa direta como alternativa mais barata para a formulação das rações. O trigo argentino está cotado a US$ 198,00 por tonelada para proteína de 10,5% a 12,5%. É o grão mais barato do planeta e ainda está caindo. A colheita avançou sobre 30% da área, com produtividade média de cerca de 3,56 toneladas por hectare, o maior nível já registrado no país. As estimativas baseadas nesses rendimentos apontam que a Argentina pode superar, pela primeira vez, 4 toneladas por hectare na média nacional, o que resultaria numa safra entre 25 milhões e 27 milhões de toneladas.

Como o consumo interno é limitado, quase todo o excedente terá de ser exportado, o que acelera a queda dos preços. As avaliações de campo foram excepcionalmente altas durante toda a temporada. Chuvas consistentes desde meados de julho ajudaram a impulsionar o potencial produtivo. A oferta maior não se restringe à Argentina. A Austrália também deve colher mais do que o previsto, reforçando o cenário de abundância. Antes mesmo da safra do Hemisfério Sul já se sabia que não havia problemas com a oferta mundial. O mercado está supersaturado e a descoberta de preços é guiada pela liquidação de estoques. Com o trigo argentino mais barato que o milho, deve haver migração parcial da demanda de ração nos países vizinhos.

Para o milho norte-americano, o trigo russo vendido a US$ 227,00 por tonelada limita o espaço de alta na Bolsa de Chicago a aproximadamente US$ 4,60 por bushel no contrato de março. Acima desse patamar, o milho começa a perder demanda para o trigo de moagem. O cenário é amplamente negativo em relação ao trigo mundial. Os preços estão caindo por excesso de oferta e falta de demanda. Ainda, 82% das lavouras de milho na Argentina estão em condição boa a excelente, maior índice em uma década e muito superior aos 36% de um ano atrás. Se o clima se mantiver, a colheita pode chegar a 60 milhões de toneladas. Os exportadores vão ter que liquidar o trigo e, em seguida, o milho. A estrutura dos mercados segue de oferta adequada a excessiva. É muito difícil apertar os balanços globais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.