28/Oct/2025
A colheita de trigo segue atrasada na Região Sul do Brasil, sobretudo no Paraná, tendo em vista que as atividades vêm sendo constantemente interrompidas por chuvas. E a maior umidade mantém produtores em alerta. Apesar de esse cenário ser altista, os preços de negociação do trigo continuam em queda, pressionados pela maior competitividade do cereal importado. Além de o dólar operar na casa dos R$ 5,30 e de a safra mundial poder ser recorde, os estoques de passagem nacionais são altos, mantendo a atual oferta elevada e deixando pouca margem para aumento nas cotações. Mesmo com as chuvas nesse período inadequado à cultura, boa parte das lavouras em campo segue com boas perspectivas. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) divulgados no dia 21 de outubro, a colheita varia no Paraná conforme o clima e a região e foi interrompida em diversas localidades pelo excesso de umidade (o que resulta em diminuição do pH e da qualidade dos grãos).
Ainda assim, grande parte das lavouras mantém o desempenho dentro da expectativa inicial. Até o dia 20 de outubro, 77% das lavouras de trigo haviam sido colhidas. Do que está em campo, 69% estão em maturação e 31%, em frutificação. No Rio Grande do Sul, de acordo com dados do dia 23 de outubro da Emater-RS, as temperaturas estão mais amenas, com luminosidade e redução da umidade excessiva, o que contribuiu para a maturação dos grãos. A colheita no estado corresponde a 10% da área cultivada. Do que está em campo, 45% estão em fase de maturação; 38%, em enchimento dos grãos; 6%, em floração e 1% está em fase vegetativa. Em termos nacionais, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que, até o dia 18 de outubro, 37,8% da área de trigo brasileiro para a safra de 2025 já foi colhida, com finalização praticamente em todos os Estados das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, restando apenas 30% na Bahia e a Região Sul do Brasil, onde se concentra a maior parte da produção nacional.
Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam quedas de 2,13% no Paraná, de 0,55% no Rio Grande do Sul e de 1,3% em Santa Catarina. Em São Paulo, a alta é de 1,36%. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), a média tem baixa de 2,55% no Rio Grande do Sul, 0,25% no Paraná e 1,35% em Santa Catarina. De acordo com dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgados no dia 23 de outubro, a temperatura mais elevada no norte da Argentina permitiu o início da colheita de trigo no país, que já corresponde a 5,3% da área cultivada. A produção está projetada em 22 milhões de toneladas. Em relação ao cultivo, 88% estão em condições excelentes/boas; 9%, em normais e 3% estão em regulares/ruins. Quanto às condições hídricas, 76% estão em ótimas/adequadas; 5%, em excesso e 19%, como regulares/secas. Os futuros de trigo estão em alta, com tradings cobrindo posições vendidas, diante da boa demanda pelo grão dos Estados Unidos.
Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 do trigo Soft Red Winter registra avanço de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 5,12 por bushel (US$ 188,31 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter apresenta valorização de 2% no mesmo período, para US$ 5,01 por bushel (US$ 184,27 por tonelada). Para o trigo Hard Red Spring, o aumento é de 1,7% nos últimos sete dias, para US$ 5,40 por bushel (US$ 198,60 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB divulgados pelo Ministério da Economia têm alta de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 216,00 por tonelada. A média de outubro/2025 está em US$ 219,35 por tonelada, 3,2% menor que a de setembro/2025 e 9,4% abaixo da de outubro/2024. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro, foram importadas 283,92 mil toneladas de trigo, 49% a menos que o volume adquirido em outubro/2024 cheio. Os preços FOB estão 8,1% menores que os negociados em outubro do ano passado, com a média de US$ 227,50 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.