27/Oct/2025
A comercialização de trigo nacional segue em ritmo lento nas principais regiões produtoras do cereal. No Paraná, na região de Ponta Grossa, parte dos moinhos está bem abastecida com trigo importado; os estoques atenderiam a moagem até janeiro. O trigo do Paraná é considerado de boa qualidade, mas o mercado segue travado em meio à falta de espaço nos moinhos e à concorrência do produto importado. A negociação é pontual. Os moinhos indicam R$ 1.250,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento em meados de dezembro. No FOB, as negociações saem entre R$ 1.300,00 e R$ 1.400,00 por tonelada. Parte dos moinhos continua recebendo trigo argentino. Mesmo com o frete alto, alguns ainda importam porque precisam cumprir contratos e manter padrão de qualidade.
O trigo importado chega hoje entre R$ 1.440,00 e R$ 1.450,00 por tonelada. O retorno das retenções na Argentina elevou os custos logísticos e deve reduzir o ritmo das compras externas nas próximas semanas. A colheita já foi praticamente finalizada no norte e no oeste do Estado, e avança agora nos Campos Gerais e em Guarapuava. O trigo colhido é muito bom, com produtividade acima da média e PH alto. Foi um dos melhores anos em qualidade. Porém, a redução de área, estimada em cerca de 30%, deve provocar déficit de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas no abastecimento interno do Paraná. Vai faltar trigo e a importação vai continuar necessária. Com moinhos bem comprados e dificuldade para repassar preços da farinha, a liquidez segue baixa.
O produtor que precisa de caixa ou liberar espaço está vendendo agora, mas quem pode segurar está fora do mercado. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta que o trigo 2025 foi retirado de 77% da área semeada ante 64% na semana anterior. 86% das lavouras têm condição boa e 14% média. Além disso, 31% das lavouras estão em fase de frutificação e 69% em maturação. A colheita do cereal avança em ritmo variável conforme as condições climáticas locais. Em diversas áreas, os trabalhos foram interrompidos por excesso de umidade, resultando em redução gradual do PH e riscos de perdas de qualidade. Ainda assim, parte significativa das lavouras apresenta desempenho dentro das expectativas iniciais. A previsão de tempo firme deve acelerar a conclusão da colheita nas próximas semanas.
No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, as negociações para exportação estão aquecidas. Desde o início do plantio, 400 mil toneladas já foram vendidas. Chama atenção os negócios envolvendo exportação da safra que está sendo colhida. Os portos vão liberar espaço para embarques de cerca de 400 mil toneladas no dia 3 de novembro. Para exportação, os compradores indicam R$ 1.115,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande, para embarque em novembro e pagamento em dezembro. Os moinhos, por outro lado, estão mais cautelosos. Há uma estimativa de que apenas 50 mil toneladas estão comprometidas para os moinhos do início do plantio até agora. As indústrias não estão nem mesmo indicando preços. Estão esperando a colheita evoluir, recebendo os primeiros contratos feitos no futuro e avaliando as qualidades. A valorização do Real é um fator que afeta a comercialização.
Os vendedores, no entanto, indicam R$ 1.040,00 por tonelada CIF e R$ 1.100,00 por tonelada FOB, para entrega ou embarque em novembro e pagamento em dezembro. Há previsão de chegada de um navio carregado de trigo argentino no Porto de Rio Grande no dia 29 de outubro. O cereal argentino chega no Estado a US$ 254,00 por tonelada (R$ 1.369,06 por tonelada). No Rio Grande do Sul, dados da Emater-RS indicam que o tempo seco e ensolarado favorece a colheita do trigo no Estado, que atinge 10% dos 1,141 milhão de hectares cultivados. A cultura encontra-se nas fases de enchimento de grãos (50%) e maturação (40%). Os índices de PH dos grãos colhidos permanecem, em sua maioria, acima de 78, indicando boa qualidade industrial. As produtividades variam entre 2.400 e 4.200 Kg por hectare, de acordo com a região, a tecnologia empregada e a intensidade de ocorrência de doenças. A produtividade está em 3.261 Kg por hectare, 8,81% superior à estimada no momento do plantio.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a previsão é de superávit na produção do Rio Grande do Sul, cuja colheita está em curso. Tem muito trigo ainda sendo colhido e há expectativa sobre qual será a qualidade de todo esse trigo, já que nas últimas semanas de colheita começa a chover no campo. Até agora está tudo bem, mas é preciso seguir monitorando, porque é algo que afeta diretamente a finalidade do trigo para a moagem. Quanto ao cenário de importação de trigo para atender a demanda interna dos moinhos brasileiros, que é de 6 milhões de toneladas, a relação comercial com os produtores da Argentina continua prevalecendo. Tecnicamente as importações sempre acontecerão. Nos últimos dois anos houve chegada de trigo da Rússia. O trigo norte-americano também sempre tem entrada. Mas, hoje, pela dinâmica de preços, geração de valor, e custos com frete, a Argentina é o preço mais convidativo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.