14/Oct/2025
O preço médio do trigo importado pelo Brasil em setembro foi o menor desde novembro de 2020, conforme apontam dados mensais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Diante de um mercado internacional cada vez mais competitivo, as negociações envolvendo o trigo nacional estão lentas e os valores, pressionados. Em setembro, a média do trigo importado foi de US$ 230,09 por tonelada. Considerando-se o câmbio médio no mês, de R$ 5,36, o preço equivale a R$ 1.235,12 por tonelada. No mesmo período, a média do trigo no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.259,39 por tonelada, o que indica maior competitividade do produto importado em relação ao brasileiro.
De acordo com a Secex, o Brasil importou 568,98 mil toneladas de trigo em setembro, volume 15,4% superior ao de agosto/2025, mas 3,8% abaixo do registrado em setembro/2024. No acumulado de 2025, as importações totalizam 5,249 milhões de toneladas, alta de 2% frente a 2024 e a maior quantidade para o período desde 2007. A Argentina foi origem de 87,3% do trigo comprado pelo Brasil, seguida pelo Paraguai (7%) e pelo Canadá (5,8%). Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociação entre empresas), o preço médio do trigo no Paraná tem leve alta de 0,31%, enquanto no Rio Grande do Sul, há queda de 3,1%.
A valorização no Paraná está associada às preocupações com possíveis perdas no campo, diante de ocorrências de ventos e chuvas, que causaram acamamento de lavouras, e à forte elevação do câmbio. No Rio Grande do Sul, as cotações são pressionadas pelo avanço da colheita, pelas boas expectativas de produtividade e pela safra volumosa na Argentina. Em São Paulo, há retração de 3,95% no valor do trigo, reflexo da intensificação na colheita e da boa qualidade dos grãos. Em Santa Catarina, os preços permanecem estáveis. A colheita de trigo foi iniciada no Rio Grande do Sul, segundo dados da Emater-RS divulgados em 9 de outubro. A cultura avança para a fase final do ciclo, com 18% das lavouras em maturação; 58%, em enchimento de grãos; 20%, em floração; e 3%, ainda em fase vegetativa. O potencial produtivo permanece elevado.
No Paraná, de acordo com dados do dia 7 de outubro do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita já alcança 60% da área cultivada. Do restante, 59% das lavouras estão em maturação; 35%, em frutificação; e 6%, em floração. De modo geral, as perspectivas para a safra seguem positivas. Os contratos futuros estão pressionados pelas boas projeções de produção global. Segundo a Bolsa de Comércio de Rosário, a Argentina deve alcançar 23 milhões de toneladas em 2025/2026, com excelente qualidade das lavouras. A produtividade média é estimada em 3,54 toneladas por hectare, podendo chegar a quase 4 toneladas por hectare em regiões como Buenos Aires.
Na Rússia, a consultoria SovEcon elevou a estimativa de produção de 87,2 milhões para 87,8 milhões de toneladas, o que reforçou a desvalorização externa. Nos Estados Unidos, o contrato dezembro/2025 do trigo Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago, registra recuo de 3,3% nos últimos sete dias, para US$ 4,98 por bushel (US$ 183,17 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter rem baixa de 2,8% no mesmo período, a US$ 4,83 por bushel (US$ 177,47 por tonelada). O trigo Hard Red Spring apresenta recuo de 3,7% nos últimos sete dias, para US$ 5,26 por bushel (US$ 193,36 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.