09/Oct/2025
Segundo a AgResource Company, os mercados de grãos seguem operando sem direção definida, à espera de detalhes sobre um pacote de ajuda que o governo dos Estados Unidos pretende repassar a produtores. O recurso já está reservado, mas a distribuição aos agricultores norte-americanos depende da normalização de atividades federais paralisadas por falta de aprovação orçamentária. O Escritório de Administração e Orçamento separou o montante de US% 13 bilhões para transferir à Commodity Credit Corporation (CCC), órgão que faz pagamentos diretos a agricultores. Porém, funcionários do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estão de licença por causa do impasse orçamentário, o que travou o processo. A ajuda está pronta para sair, mas só vai acontecer quando o governo voltar a funcionar. A expectativa é que o programa siga o modelo do Market Facilitation Program (MFP), usado em 2018 e 2019 para compensar produtores norte-americanos durante a guerra comercial com a China.
Enquanto aguardam novidades, os produtores enfrentam mercados lateralizados, com pouca movimentação nos preços. Falta força tanto para compra quanto para venda. As cotações retornaram aos patamares de 2014 a 2019, período em que os mercados operaram com baixa volatilidade e variações limitadas. Apenas um acordo comercial entre Estados Unidos e China incluindo compras de grãos seria capaz de alterar esse cenário no curto prazo. A fraqueza da demanda global também pressiona as cotações. O consumo estagnado de energia e gasolina nos Estados Unidos limita o crescimento da produção de etanol e biodiesel, reduzindo o espaço para expansão da demanda por milho e soja. No clima, condições favoráveis seguem predominando nas principais regiões produtoras. Nos Estados Unidos, o tempo seco de Nebraska até a Costa Leste deve acelerar a colheita de milho e soja nos próximos dias. Ao mesmo tempo, chuvas de até 75 milímetros em Kentucky, sul de Indiana e Ohio melhoram as condições para o trigo de inverno, garantindo umidade adequada no solo antes do período de dormência das plantas.
Na América do Sul, modelos climáticos europeus indicam a chegada iminente do padrão de chuvas de primavera no Brasil. O plantio de soja avança em ritmo acelerado: no Paraná, 31% da área já foi semeada, acima da média histórica e próximo ao ritmo do ano passado. A umidade está adequada tanto no norte quanto no sul do Brasil, o que favorece a germinação e o desenvolvimento inicial das lavouras. A Argentina pode ser a surpresa positiva da temporada. A seca que afetou o país nos últimos anos foi completamente eliminada, e 93% das lavouras de trigo estão em condição boa ou excelente, ante 85% registrados há duas semanas. Isso aumenta a oferta global de grãos. Há potencial de safra recorde na Argentina. Entre agosto e setembro, algumas regiões do cinturão agrícola argentino receberam de 250 a 350 milímetros de chuva, volume bem acima do normal. Análise histórica da consultoria mostra que anos com precipitação elevada nesse período tendem a apresentar baixa probabilidade de seca nos meses seguintes.
Se o padrão climático se mantiver, a safra sul-americana pode superar as estimativas atuais do USDA. O mercado de trigo enfrenta a situação mais desafiadora entre os grãos, pressionado por excesso de oferta em escala global. Até regiões que enfrentam déficit hídrico, como o sul da Rússia e sudeste da Ucrânia, devem receber chuvas nos próximos dias. Na Romênia, importante produtora europeia, podem cair até 100 milímetros. As lavouras estão entrando no inverno com boa umidade em praticamente todas as regiões produtoras do mundo. Qualquer mudança relevante nos balanços globais de oferta e demanda dependerá do desempenho das safras brasileira e argentina nos próximos 60 dias. Apesar das incertezas sobre os rendimentos finais das lavouras norte-americanas, a perspectiva é de produção robusta. A recomendação continua sendo: aproveite momentos de alta para comercializar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.