07/Oct/2025
Diante do avanço da colheita e do consequente aumento da oferta interna, os preços do trigo seguem em queda no Brasil. Nestas últimas semanas, a pressão sobre os valores domésticos é reforçada pelo breve corte nas taxas de exportação da Argentina, que acabou redirecionando parte da demanda brasileira ao país vizinho que, vale lembrar, é o principal fornecedor internacional do Brasil. Esse movimento reduziu a paridade de importação e forçou vendedores domésticos a ajustarem para baixo suas cotações para conseguir competir com o produto argentino. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), da terceira para a quarta semana de setembro (período em que as retenciones foram temporariamente eliminadas pela Argentina), o volume semanal importado pelo Brasil cresceu 214,34 mil toneladas, totalizando, até a quarta semana de setembro, 507,79 mil toneladas. O volume está apenas 83,5 mil toneladas abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.
Os preços médios, porém, estão 8,5% menores na comparação anual, a US$ 230,38 por tonelada FOB origem. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dados de 22 a 26 de setembro, a paridade de importação do trigo argentino foi de US$ 249,03 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio de R$ 5,32 no período, o cereal importado equivalia a R$ 1.327,19 por tonelada, enquanto o preço médio interno foi de R$ 1.278,21 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade foi de US$ 233,03 por tonelada (R$ 1.241,93 por tonelada), muito próxima do preço interno, de R$ 1.237,99 por tonelada. Com o avanço da colheita, a desvalorização externa e a leve queda do câmbio, os compradores seguem pressionando os valores de negociação no mercado doméstico. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram recuo de 3,04% no Paraná, 2,27% no Rio Grande do Sul, 0,8% em Santa Catarina e 0,43% em São Paulo.
No mercado de balcão (valor pago ao produtor), as quedas são de 1,94% no Paraná, de 3,18% no Rio Grande do Sul e de 2,85% em Santa Catarina. Até o dia 27 de setembro, segundo a Conab, a colheita estava concluída em 100% da área em Minas Gerais e em Mato Grosso do Sul, 98% em Goiás, 60% em São Paulo, 41% no Paraná e 30% na Bahia, totalizando 26,2% da área nacional. No Paraná, conforme dados do dia 30 de setembro do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 53% da área havia sido colhida, com 90% das lavouras em boas condições; 9%, em médias e apenas 1% ruins. Apesar das geadas pontuais, a maior parte das lavouras mantém bom potencial produtivo. No Rio Grande do Sul, de acordo com informações do dia 2 de outubro da Emater-RS, as lavouras avançam para a fase de maturação e apresentam elevado potencial produtivo. Com tempo seco, os resultados devem se consolidar positivamente. Até essa data, 10% das áreas estavam em maturação; 40%, em enchimento de grãos; 37%, em floração; e 13%, em desenvolvimento vegetativo.
Os futuros internacionais do trigo seguem em queda, refletindo a ampla oferta no Hemisfério Norte e as boas perspectivas de produção no Hemisfério Sul. As perdas são limitadas por tensões geopolíticas no Mar Negro, após declarações do presidente dos Estados Unidos sobre deslocamento de submarinos nucleares para próximo da Rússia. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 do trigo Soft Red Winter registra recuo de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 5,15 por bushel (US$ 189,32 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter tem desvalorização de 1,7% no mesmo período, para US$ 4,97 por bushel (US$ 182,62 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB divulgados pelo Ministério da Agroindústria apresenta m recuo de 0,4% nos últimos sete dias, para US$ 222,00 por tonelada. Segundo dados do dia 2 de outubro da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 93% das lavouras argentinas de trigo apresentavam condições entre excelentes e boas; 4%, normais; e apenas 3%, ruins. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.