29/Sep/2025
A perspectiva de colheita de uma safra menor de trigo no Brasil este ano deve levar a indústria moageira a recorrer mais à importação do cereal para abastecimento. A produção estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 7,54 milhões de toneladas, 4,5% inferior à da temporada passada, deve garantir cerca de 50% do consumo dos moinhos nacionais. O restante terá de vir do exterior, sobretudo da Argentina. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) prevê que o Brasil vai importar mais se comparado aos anos anteriores. A disponibilidade na Argentina vai facilitar o acesso dos moinhos brasileiros ao cereal. A queda na área plantada com o cereal no Brasil refletiu a baixa remuneração com o grão.
Os preços do trigo desestimularam os produtores, que já não estavam bem capitalizados. A StoneX também espera importações aquecidas nesta temporada, mas não acredita em volume muito superior ao da safra passada. A expectativa é de algo próximo do ciclo 2024, quando o País importou 6,6 milhões de toneladas. A consultoria prevê colheita de 7,348 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, o Moinho Estrela também não espera mudança no padrão de importação. Os moinhos do Estado costumam trazer de fora do País todos os anos entre 300 mil toneladas e 400 mil toneladas para mesclar com o produto nacional. Dificilmente, a importação vai crescer, a menos que a qualidade do trigo nacional seja muito ruim ou dê uma quebra de safra muito grande.
A colheita da safra 2025 no Rio Grande do Sul ainda está no início. No Paraná, o Moinho Arapongas é igualmente cauteloso em relação às necessidades de importação. É preciso esperar a colheita para analisar a compra internacional. A indústria do Paraná deve contar com 75% a 80% de trigo nacional no processamento deste ano. Para a indústria, as condições para importar trigo em 2025/2026 devem ser melhores: a Argentina, principal fornecedor para o Brasil, deve colher safra recorde e o câmbio está mais acessível. Desde o início do ano, o dólar acumula queda de 13% em relação ao Real. A Bolsa de Comércio de Rosário estima que, a depender do regime de chuvas, a produção argentina pode superar 20 milhões de toneladas. A tributação é um fator que pode influenciar a oferta argentina no mercado internacional.
Em setembro, o governo local chegou a retirar temporariamente os impostos de exportação (retenciones), retomados na quinta-feira (25/09). A retirada dos impostos pode levar a dois caminhos. O produtor argentino pode ter mais margem ou pode ter mais flexibilidade para reduzir o preço e ficar ainda mais competitivo no mercado internacional. A maior oferta de trigo argentino tende a pressionar as cotações de trigo no mercado brasileiro. Os preços estão oscilando, mas a previsão é de alta produção global, o que é um fator baixista. No Paraná, o preço médio do trigo pago ao produtor caiu 9% no acumulado do ano, para R$ 1.269,00 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a queda no período foi de 2%, para R$ 1.238,00 por tonelada, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.