23/Sep/2025
À medida que a colheita da nova safra de trigo avança no Brasil e a disponibilidade interna do grão aumenta, a pressão sobre os preços de negociação é intensificada. Além desse cenário, nos últimos dias, as desvalorizações externa e do dólar acabaram reforçando o movimento de queda na cotação interna do trigo. Recuos expressivos nos preços foram registrados em diferentes Estados, com a tendência de baixa sendo verificada primeiramente nos valores pagos aos produtores (mercado de balcão) e, posteriormente, no atacado (mercado de lotes). Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram baixa de 4,08% no Paraná, 1,85% no Rio Grande do Sul e 4,4% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas são de 5,7% no Paraná, de 1,23% no Rio Grande do Sul, de 0,93% em Santa Catarina e de 1,02% em São Paulo.
Até o dia 13 de setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicava 13,8% da área nacional colhida, com forte avanço em Goiás (95%), Minas Gerais (94%), Mato Grosso do Sul (82%), São Paulo (20%) e Paraná (12%). No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a colheita ainda não havia começado. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) do dia 16 de setembro mostram que 25% da área já havia sido colhida, avanço semanal de 12%. A qualidade das lavouras surpreende positivamente: 85% estão em boas condições; 12%, em médias, e apenas 3% estão ruins. Em 2024, a parcela em más condições era de 30%. Os grãos vêm apresentando PH elevado e as lavouras têm baixo índice de doenças e boa produtividade.
No Rio Grande do Sul, a Emater-RS apontou em relatório divulgado no dia 18 de setembro que as lavouras estão em bom desenvolvimento, com 46% em fase vegetativa, 32%, em floração e 22%, em enchimento de grãos. O manejo segue focado em aplicações fúngicas preventivas. Em Santa Catarina, conforme relatório do dia 16 de setembro do Epagri/Cepa, 98% das áreas apresentavam boas condições até o fim de agosto, sendo que 80% estão em desenvolvimento vegetativo; 19%, em floração e 1%, em maturação. Apesar das reduções da área (-18,66%) e da produção (-18,11%), a produtividade deve crescer levemente (+0,62%), para 3,538 toneladas por hectare. A expectativa de ampla oferta global segue pressionando as cotações externas.
Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 do trigo Soft Red Winter registra recuo de 0,2% nos últimos sete dias, a US$ 5,22 por bushel (US$ 191,99 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o Hard Winter apresenta baixa de 1,5% no mesmo comparativo, a US$ 5,07 por bushel (US$ 186,38 por tonelada). O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que, até o dia 21 de setembro, 96% do trigo de primavera já havia sido colhido, ante 95% no ano passado e 96% na média de cinco anos. A semeadura do trigo de inverno somava 20% da área esperada ante 23% no ano passado e na média de cinco anos. Na Argentina, os preços FOB registram recuo de 0,9% nos últimos sete dias, para US$ 227,00 por tonelada, com a média mensal de setembro em US$ 228,00 por tonelada, 2% abaixo da média de agosto/2025 e 11,4% inferior à de setembro/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.