16/Sep/2025
A colheita da nova safra de trigo começa a ganhar ritmo, sobretudo no Paraná. Diante disso, os vendedores passam a ficar mais ativos no mercado spot. Os compradores estão retraídos, indicando estarem abastecidos com trigo importado em meses anteriores. Ressalta-se, contudo, que as compras externas se desaceleraram na primeira semana de setembro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que o ritmo diário de aquisição no período foi 20,1% menor que o de setembro/2024. Esse cenário, atrelado à desvalorização do dólar frente ao Real, pressiona os valores de negociação do trigo no mercado brasileiro. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram recuo de 1,34% no Paraná, 1,29% no Rio Grande do Sul, 2,46% em Santa Catarina e 2,32% em São Paulo. No mercado de balcão (valores pagos ao produtor), as baixas são de 3,12% no Paraná, de 0,37% em Santa Catarina e de 0,08% no Rio Grande do Sul.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o momento, 11,1% do trigo nacional já foi colhido, com destaque para Goiás (88%), Minas Gerais (87%), Mato Grosso do Sul (63%), Paraná (5%) e São Paulo (10%). No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou no dia 9 de setembro que 12% da área foi colhida. Das lavouras ainda no campo, 83% apresentavam boas condições; 12%, médias; e 5%, ruins. Quanto ao desenvolvimento, 8% estavam em fase vegetativa; 14%, em floração; 40%, em frutificação; e 38%, em maturação. Áreas atingidas por geadas tiveram baixa produtividade, com PH entre 73 e 74. Ainda assim, o bom desempenho das demais lavouras deve compensar parte das perdas. No Rio Grande do Sul, dados do dia 11 de setembro da Emater-RS mostram que as lavouras seguem evoluindo de forma adequada, apesar da preocupação com a elevada umidade do solo, que exige maior atenção ao manejo fitossanitário. Até o dia 11 de setembro, 55% estavam em desenvolvimento vegetativo; 30%, em floração; e 15%, em enchimento de grãos.
No relatório de setembro/2025, a Conab reduziu a estimativa de produção brasileira, refletindo a menor área cultivada. A safra foi projetada em 7,536 milhões de toneladas, 3,5% abaixo da apontada em agosto e 4,5% menor que em 2024, o menor volume desde 2020. A área deve somar 2,449 milhões de hectares, 3,8% inferior ao relatório anterior e 19,9% abaixo da de 2024. O leve aumento de 0,3% na produtividade (3,077 toneladas por hectare) não compensa a retração da área. O consumo interno permanece praticamente estável, em 11,81 milhões de toneladas (de agosto/2025 a julho/2026). Com isso, a necessidade de importações deve chegar a 6,4 milhões de toneladas, levemente abaixo das 6,8 milhões de toneladas do ciclo anterior. As exportações foram projetadas em 2 milhões de toneladas, contra 1,96 milhão no período passado. Os estoques finais devem atingir 1,49 milhão de toneladas em julho/2026, o maior volume desde 2020.
Em termos globais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta a produção mundial em 816,2 milhões de toneladas em 2025/2026, 1,2% acima da previsão de agosto e 1,9% maior que a safra anterior, impulsionada pelas revisões positivas para a União Europeia, Rússia, Canadá, Austrália, Ucrânia e Cazaquistão. Mesmo com a menor área desde 2022/2023, o volume segue em patamar recorde. O consumo foi estimado em 814,56 milhões de toneladas, alta de 0,6% frente ao relatório de agosto e 0,7% superior ao da temporada passada, com destaque para maior demanda da União Europeia, Rússia, Brasil, Indonésia e Canadá. Os estoques finais foram elevados em 1,5% em relação a agosto e em 0,6% frente à safra 2024/25, alcançando 264,06 milhões de toneladas. No comércio internacional, a projeção é de 215,176 milhões de toneladas, 0,5% acima da estimativa de agosto e 5,3% maior que a temporada passada. Entre os importadores, devem crescer as compras de Indonésia, Brasil, Filipinas, México, Nigéria, Vietnã e Coreia do Sul.
Do lado das exportações, os principais aumentos vêm da Austrália e dos Estados Unidos. Os valores externos do trigo são influenciados pelas altas observadas para o milho, dado que ambos competem na ração animal. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2025 do trigo Soft Red Winter registra alta de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 5,23 por bushel (US$ 192,35 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter tem valorização de 1,9% no mesmo comparativo, a US$ 5,14 por bushel (US$ 189,14 por tonelada). Segundo o USDA, 94% do trigo de primavera nos Estados Unidos já havia sido colhido até o dia 14 de setembro, ante 91% em 2024 e 92% na média dos últimos cinco anos. A semeadura do trigo de inverno também já começou, alcançando 11% da área estimada. Na Argentina, os preços FOB apresentam alta de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 229,00 por tonelada. A média mensal de setembro/2025 está em US$ 228,70 por tonelada, 1,7% abaixo da média de agosto/2025 e 11,2% inferior à de setembro/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.