19/Aug/2025
As estimativas de oferta e demanda de trigo no Brasil seguem apontando produção levemente menor em 2025. No entanto, os maiores estoques de passagem (julho/2025), influenciados pelas importações aquecidas, devem manter elevada a disponibilidade interna. Esse cenário, atrelado às desvalorizações externa e do dólar (que favorecem as importações), resulta em queda nos preços domésticos do cereal. Dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam a área de trigo no Brasil em 2,55 milhões de hectares, com expressiva queda de 16,7% sobre a temporada passada. Porém, a produtividade pode crescer 19%, para 3,07 toneladas por hectare, o que resultaria em produção de 7,81 milhões de toneladas em 2025, apenas 1% abaixo da de 2024.
Os estoques brasileiros no final de julho eram de 1,38 milhão de toneladas, que, somados à produção e à estimativa de importação (de 6,2 milhões de toneladas entre agosto/2025 e julho/2026), gera disponibilidade interna de 15,39 milhões de toneladas em 2025, volume 1,1% maior que o do período anterior. O consumo interno é estimado em 11,83 milhões de toneladas e a exportação, em 2,1 milhões de toneladas, também entre agosto/2025 e julho/2026, cenário que resultaria em estoque de passagem de 1,46 milhão de toneladas em julho/2026. Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção mundial em 806,9 milhões de toneladas, 0,2% menor que o apontado no relatório de julho, mas 0,9% acima da safra anterior (2024/2025) e um recorde.
O USDA prevê consumo global de 809,53 milhões de toneladas, menor que o previsto em julho/2025 (-0,1%), porém, 0,3% maior que o da temporada anterior. Os estoques finais tiveram redução de 0,5% frente ao relatório passado e ficaram 1% inferiores aos da safra 2024/2025. As transações mundiais foram previstas em 213,53 milhões de toneladas em agosto ante 213,06 milhões de toneladas em julho. No mercado doméstico, os preços internos estão em baixa, em linha com o mercado externo e a paridade de importação. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 1,19% no Rio Grande do Sul, de 1,98% no Paraná e de 3,97% em São Paulo.
Em Santa Catarina, há alta, de 0,47%. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços se mantêm estáveis no Paraná e em Santa Catarina e com leve alta de 0,19% no Rio Grande do Sul. O avanço da colheita de trigo nos Estados Unidos e a ampla oferta no Hemisfério Norte pressionam os valores externos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2025 do trigo Soft Red Winter registra queda de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,06 por bushel (US$ 186,11 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Setembro/2025 do trigo Hard Winter acumula desvalorização de 2,2% no mesmo intervalo, a US$ 5,07 por bushel (US$ 186,29 por tonelada).
Quanto à safra nos Estados Unidos, segundo dados do USDA, até o dia 17 de agosto, a colheita de trigo de inverno atingiu 94% das lavouras, ante 96% há um ano e 95% na média de cinco anos. Em relação ao trigo de primavera, 50% da safra estava em condição boa ou excelente, alta de 1% ante a semana anterior. Na data correspondente do ano passado, essa parcela era de 73%. A colheita estava em 36%, ante 29% no ano passado e 36% na média. Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram alta de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 235,00 por tonelada. A média de agosto/2025 está em US$ 234,50 por tonelada, sendo 1,2% acima da de julho/2025, mas 13% menor que a de agosto/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.