12/Aug/2025
A fabricante de alimentos M. Dias Branco teve lucro líquido de R$ 216,4 milhões no segundo trimestre do ano. O resultado é 14% maior na comparação com igual período do ano passado, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 189,9 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 344,9 milhões, alta de 2,4% frente aos R$ 336,8 milhões do segundo trimestre de 2024. A margem Ebitda ficou em 12,7%, ante 12,8% um ano antes. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou negativa em 0,1 vez, inalterada ante igual período de 2024, informou a companhia. Já a receita líquida avançou 3,6% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,723 bilhões, ante R$ 2,630 bilhões do segundo trimestre de 2024. O recuo de 9,8% no volume comercializado na comparação com igual período do ano anterior foi compensado pelo aumento de 14,8% no preço médio. No último trimestre, a receita líquida de produtos principais da empresa (biscoitos, massas e margarinas) avançou 3,3%, para R$ 2,127 bilhões.
A receita líquida do segmento de moagem e refino de óleos (farinhas, farelo e gorduras industriais) avançou 2,7%, para R$ 455,3 milhões. Já o segmento de adjacências (bolos, snacks, misturas para bolos, torradas, saudáveis, molhos e temperos) teve receita líquida 10,8% superior, para R$ 141 milhões. A empresa destacou, em comunicado a investidores, que a receita líquida cresceu nos três grupos de categorias em que a empresa atua. O volume comercializado pela M. Dias Branco recuou 9,8% no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período do ano anterior. O volume vendido pela companhia passou de 507 mil toneladas para 457,3 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia avançaram 16%. Em comunicado, a companhia ressaltou o aumento sequencial dos volumes e afirmou que a base de comparação com igual período de 2024 é prejudicada porque o segundo trimestre do ano passado foi marcado pela recomposição dos estoques nos varejistas após a suspensão de algumas linhas da empresa.
O preço médio de todas as categorias no segundo trimestre subiu 14,8% na comparação anual, de R$ 5,20 por quilo para R$ 6,00 por quilo. Na comparação com o trimestre anterior, houve alta de 6,4% no preço médio dos produtos. Segundo a empresa, o aumento do preço médio reflete um mix favorável entre os produtos comercializados e os reajustes de preços feitos nos últimos 12 meses, motivados pela desvalorização cambial e pelo aumento das commodities. Ainda como fatos relevantes do segundo trimestre do ano, a companhia destacou a "elevada" verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,6% e 99,9%. No último trimestre, a empresa investiu R$ 51,6 milhões, 15,3% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2024. Do montante, 81% foram destinados para manutenção e 19% direcionados para expansão. Os principais aportes foram em iniciativas de transição energética, eficiência operacional e digitalização.
Os resultados financeiros da M. Dias Branco foram sólidos e robustos, avalia o vice-presidente de Investimentos e Controladoria da companhia, Gustavo Theodozio. "O resultado foi bastante sólido, mostrando a resiliência do modelo de negócio e a eficácia da estratégia. Apesar do cenário desafiador, a companhia apresentou desempenho financeiro robusto e eficiência", disse Theodozio. O lucro líquido da companhia superou a expectativa do mercado, fruto, segundo ele, de gestão financeira eficiente. "As despesas com vendas e administrativas (SG&A) da companhia em relação à receita líquida saíram de 24% há um ano para 20,8%, efeito de iniciativas de otimização e produtividade, não somente atenuando a inflação", apontou o executivo. O vice-presidente da companhia ressaltou, ainda, que a companhia encerrou o período com caixa líquido de R$ 328 milhões e alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou negativa em 0,1 vez, o que significa que a companhia possui mais caixa que dívida.
"Encerramos o trimestre com estrutura de capital sólida e baixíssimo nível de alavancagem, o que posiciona bem a companhia para futuras oportunidades de crescimento. O resultado reafirma a estratégia no fortalecimento da capacidade comercial e foco em margens atrativas e crescimento sustentável para os próximos trimestres", avaliou Theodozio. A M. Dias Branco vê impacto limitado do tarifaço dos Estados Unidos sobre os resultados da companhia. Desde 6 de agosto, produtos importados brasileiros estão sujeitos a uma sobretaxa de 50% para exportação ao mercado norte-americano. A área de exportação aos Estados Unidos tem evoluído bastante, com faturamento próximo de R$ 5 milhões por mês e cerca de 600 toneladas. É um número que vinha crescendo e o impacto inicial do tarifaço em exportação é grande, mas olhando para a companhia como um todo não é relevante, representando 0,5% do faturamento anual. Como alternativa ao tarifaço, a M. Dias redirecionou parte da produção destinada aos Estados Unidos para sua unidade no Uruguai, o que vai ajudar um pouco a mitigar os efeitos.
Do lado da importação, a empresa não vê risco relevante do tarifaço dos Estados Unidos na compra de matéria-prima, já que 80% do trigo utilizado pela fabricante é proveniente da Argentina e do Brasil. Do lado da matéria-prima, não há risco relevante no abastecimento de trigo. Após reajustar os preços dos seus produtos no primeiro trimestre deste ano, a M. Dias Branco não deve fazer novos repasses gerais aos preços ao longo deste ano. O motivo é a expectativa de queda no custo das matérias-primas. "Não devemos ter novos aumentos de preços; se houver, será algo bastante pontual. Olhando o cenário atual, no qual o câmbio arrefeceu e não há expectativa de aumento do trigo, não temos nenhuma perspectiva de novos aumentos", disse Theodozio. Em relação ao trigo, principal matéria-prima da fabricante, que encerrou o segundo trimestre com preço médio praticado no mercado de US$ 232,00 por tonelada ante US$ 242,00 por tonelada ao fim do primeiro trimestre deste ano, Theodozio não vê espaço para alta do cereal.
"A produção global de trigo vai bem, com boa evolução da safra americana, russa, europeia e a argentina, com previsão de colheita de 20 milhões e 22 milhões de toneladas. Embora o Brasil tenha tido redução de área plantada no Paraná, quando olhamos a oferta global de trigo, não vemos perspectiva de alta", pontuou o executivo. O percentual dos custos dos produtos vendidos da companhia sobre a receita líquida diminuiu do primeiro para o segundo trimestre deste ano de 73,4% para 71,6%, enquanto o preço médio dos produtos aumentou 6,4% de R$ 5,60 por quilo para R$ 6,00 por quilo. "Colocamos tabela novas de preços no mercado antes dos concorrentes, mas vimos todos os concorrentes acompanhando a companhia. Não há descolamento entre os preços da M. Dias com os concorrentes. Para o futuro, podemos ver oportunidade estratégia pontual em alguma categoria, mas nova tabela para categorias e regiões não devemos ter neste ano, a menos que o cenário de custos mude completamente", observou Theodozio.
Essa estabilidade de commodities e de câmbio ajuda na redução das despesas com vendas e administrativas (SG&A), afirmou o executivo. "Não vemos pressão para cima em SG&A. O patamar ideal que almejamos de SG&A é algo em torno de 18% a 20% da receita líquida", apontou o vice-presidente da M. Dias. No segundo trimestre deste ano, o porcentual de SG&A da companhia em relação à receita líquida foi de 20,8% ante 23,6% de um ano antes. As despesas caíram de R$ 621 milhões para R$ 565,3 milhões na comparação anual. "Há uma queda contratada de custos, se nada mudar entre câmbio, trigo e óleo de palma caindo", ponderou. Quanto ao Capex, que foi de R$ 51,6 milhões de abril a junho deste ano, Theodozio disse que a previsão para o ano é de Capex normalizado. "Ainda há alguns investimentos a serem feitos para termos melhores custos operacionais e de produção, mas a companhia caminha para Capex normalizado neste ano", declarou.
A M. Dias Branco espera crescimento dos volumes comercializados e das margens de rentabilidade nos próximos trimestres. A expectativa é do vice-presidente de Investimentos e Controladoria da companhia, Gustavo Theodozio. "Historicamente o terceiro e o quarto trimestres são melhores historicamente por questões sazonais. Vemos que ações operacionais em curso na companhia já trazem melhorias. Olhando para frente, vemos crescimento no volume por melhoria sazonal, foco no sell out (consumidor final), evolução do ponto de venda e melhora nas margens nos próximos trimestres por diluição de menor custo e arrefecimento do câmbio e commodities", disse Theodozio. O volume comercializado pela M. Dias Branco recuou 9,8% no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período do ano anterior. O volume vendido pela companhia passou de 507 mil toneladas para 457,3 mil toneladas.
Já em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia avançaram 16%. Em comunicado, a companhia ressaltou o aumento sequencial dos volumes e afirmou que a base de comparação com igual período de 2024 é prejudicada porque o segundo trimestre do ano passado foi marcado pela recomposição dos estoques nos varejistas após a suspensão de algumas linhas da empresa. Theodozio ressaltou que a pressão de volumes de fabricantes de alimentos é um movimento global e não exclusivamente do mercado brasileiro. "Das onze maiores companhias globais, apenas três conseguiram ter aumento de volumes. Com a inflação, as empresas tiveram que precificar os produtos e o consumidor respondeu em volumes. Em termos de volume, o mercado está mais desafiador no Brasil e no mundo", observou. Fonte: Broadcast Agro.