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04/Aug/2025

Preços do trigo em baixa e comercialização lenta

A comercialização de trigo segue a passos lentos no mercado spot. Apenas lotes pontuais são comercializados. Os vendedores têm atenção voltada ao desenvolvimento do cereal no campo, já que a semeadura está na reta final no País. A indústria moageira, por sua vez, ainda recebe volumes expressivos de cereal importado, o que mantém a baixa liquidez nas principais regiões produtoras. Dada a retração dos agentes e a depreciação do dólar ante o Real, os preços do trigo também caíram no mercado interno ao longo da última semana.

No Rio Grande do Sul, que deve colher 3 milhões de toneladas de trigo na próxima temporada, cerca de 3% a 4% já está comercializado. Lotes da nova safra giram em torno de R$ 1.380,00 por tonelada CIF moinho. Apesar de a maior parte das lavouras, 85%, estar em condição boa ou excelente, o atraso no plantio da temporada pode concentrar risco de geada e chuva para pelo menos 75% das áreas e postergar a entrada do cereal no mercado para segunda quinzena de outubro. A movimentação continua escassa no Estado, com a maior parte dos acordos firmados para agosto e setembro.

Indicações de comprador variam muito, a depender de qualidade, localização e prazo de pagamentos. Lotes de trigo que possam reduzir o uso de (cereal) argentino podem chegar a até R$ 1.380,00 por tonelada FOB interior, mas são raros e escassos. A maior parte das propostas gira em média de R$ 1.380,00 por tonelada colocada em moinho da região metropolitana de Porto Alegre ou da Serra Gaúcha. Da safra nova, estima-se que foram negociadas 8 mil toneladas de trigo para exportação na semana passada. Cereal padrão moagem é comercializado a R$ 1.300,00 por tonelada, para entrega em dezembro e pagamento em janeiro de 2026 sobre rodas no porto.

No Paraná, a redução na estimativa da safra de trigo para 2,6 milhões de toneladas acentuou a percepção de escassez no mercado interno e reforçou a preferência da indústria pela compra de produto importado. Na região de Ponta Grosso, o comprador está bem-posicionado, pagando R$ 1.450,00 por tonelada CIF moinho. Quando precisa, chega a R$ 1.500,00 por tonelada, mas só se for PH alto, padrão argentino. No spot, o mercado segue lento e restrito. Os compradores evitam elevar o CIF, e o vendedor precisa absorver os fretes, o que limita a margem e trava novos negócios. Os compradores estão abastecidos e muitos esticam o estoque com trigo importado até a chegada da nova safra. As cotações para a safra nova variam entre R$ 1.350,00 por tonelada CIF para novembro e R$ 1.450,00 por tonelada CIF para outubro.

O produtor indica R$ 1.500,00 por tonelada FOB, o equivalente a cerca de R$ 1.550,00 por tonelada CIF. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) reduziu em 80 mil toneladas sua projeção para a safra 2025 do Paraná, de 2,68 milhões de toneladas para 2,60 milhões de toneladas. A revisão decorre de perdas causadas pelas geadas de junho, com maior impacto na região norte do Estado, onde o potencial produtivo caiu de 880 mil toneladas para 796 mil toneladas. A área plantada foi mantida em 833 mil hectares, 27% abaixo da safra passada. As chuvas recentes ajudaram a repor parte da umidade do solo, interrompendo um longo período de estiagem.

Em São Paulo, um dos principais parques moageiros do País, a safra deve alcançar 340 mil toneladas, estima a Câmara Setorial do Trigo. As projeções apontam para uma das melhores colheitas dos últimos três anos com produtividade média entre 3,5 e 4 toneladas por hectare. Apesar de um breve período de instabilidade, o clima neutro predominante favoreceu o desenvolvimento das lavouras e contribuiu para a baixa ocorrência de doenças, o que reduziu a necessidade de intervenções no campo. A sanidade das plantas está excelente, e tudo indica que os produtores colherão volumes superiores aos das últimas safras.

Os juros elevados e os altos custos de produção limitaram a expansão da área cultivada nesta safra. A StoneX afirmou que o cenário global impõe uma pressão adicional sobre os preços do trigo nacional, já que cerca de 80% da safra mundial está sendo colhida neste momento. O preço está muito próximo do piso de mercado, o que exige atenção redobrada na gestão de risco. O momento no Brasil é de consolidação da safra, e ainda é preciso aguardar para ter uma noção mais precisa do volume final. Enquanto isso, fatores cambiais seguem sendo determinantes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.