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15/Jul/2025

Preço do trigo pressionado no mercado doméstico

Enquanto a safra mundial segue em bom ritmo e com expectativa de novo recorde na temporada 2025/2026, a produção brasileira deve diminuir, o que, por sua vez, exigirá crescimento nas importações entre agosto de 2025 e julho de 2026. Mesmo neste ambiente, os preços domésticos do trigo em grão seguem em queda, influenciados pelas desvalorizações externa e do dólar. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em relatório divulgado no dia 10 de julho, a produção nacional agora é prevista em 7,81 milhões de toneladas, 4,6% menor que a estimativa de junho, passando a representar uma queda de 0,9% em relação à safra passada (7,89 milhões de toneladas). Isso é o resultado da expressiva diminuição de 16,5% na área destinada à cultura, que passou para 2,55 milhões de hectares, a retração foi verificada sobretudo no Paraná, de 27,3%. Por ouro lado, a menor área pode ser compensada pelo forte crescimento de 18,7% na produtividade em relação à temporada passada, para 3,06 toneladas por hectare.

No entanto, para que esse rendimento se concretize, certamente será preciso a continuidade de boas condições climáticas no período de desenvolvimento das lavouras. A Conab elevou para 6,2 milhões de toneladas as importações entre agosto/2025 e julho/2026, contra 5,8 milhões de toneladas apontadas no relatório de junho e 6,5 milhões estimadas para o período entre agosto/2024 e julho/2025. O consumo interno está previsto em 11,82 milhões de toneladas e as exportações, em 2,1 milhões de toneladas. Segundo a Conab, até dia 5 de julho, 79,5% da área prevista havia sido cultivada, em linha com a média dos cinco anos anteriores. Ainda havia cultivos em Goiás e nos Estados da Região Sul. Ao mesmo tempo, a Conab estima que a colheita já chegou a 50% das áreas de Goiás. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam certa estabilidade na previsão de produção mundial, comparativamente aos números de junho, em 808,55 milhões de toneladas, mas ainda um recorde.

O consumo mundial foi reajustado positivamente em 0,1%, indo para 810,62 milhões de toneladas. Com isso, os estoques de passagem seriam reduzidos para 261,52 milhões de toneladas, equivalentes a 32,4% do consumo mundial, sendo a menor relação desde a temporada 2014/2015. As transações mundiais foram reduzidas entre os relatórios de junho e julho, mas seguem elevadas em 213,87 milhões de toneladas, abaixo apenas das transações das safras 2022/2023 e 2023/2024. As estimativas de maior produção norte-americana e a guerra tarifária pressionaram as cotações externas do trigo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2025 do trigo Soft Red Winter registra recuo de 1,3% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,40 por bushel (US$ 198,69 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Julho/2025 do trigo Hard Winter apresenta desvalorização de 2,7% no mesmo intervalo, cotado a US$ 5,04 por bushel (US$ 185,28 por tonelada).

Até a semana passada, 50% das lavouras de trigo da safra de primavera dos Estados Unidos estavam entre condições boas/excelentes; 35%, em razoáveis; e 15%, em ruins ou muito ruins. Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria apresentam baixa de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 230,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a semeadura de trigo da safra 2025/2026 na Argentina alcançou 91% da área total prevista, de 6,7 milhões de hectares. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo registram recuo de 0,32% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) do Paraná, de 0,37% no Rio Grande do Sul e 0,3% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas são de 1,21% no Paraná, de 1,28% em Santa Catarina e de 0,95% no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, por outro lado, os preços têm alta de 2,4%, com vendedores mais firmes em suas pedidas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.