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07/Jul/2025

Preços do trigo pressionados no mercado interno

A combinação entre oferta internacional elevada, dólar fraco e avanço da colheita na Argentina mantém os preços do trigo pressionados no mercado brasileiro, mesmo durante a entressafra e com redução da área plantada no País. Segundo o Itaú BBA, o mercado doméstico enfrenta pressão nas cotações por causa dos preços internacionais enfraquecidos, com destaque para o avanço da safra argentina. O preço médio do trigo no Paraná é de R$ 1.485,50 por tonelada, com queda acumulada no mês de julho de 0,21%. No Rio Grande do Sul, a cotação é de R$ 1.333,73 por tonelada, com recuo mensal de 0,27%. No mercado físico, as negociações seguem pontuais. No Paraná, na região de Ponta Grossa, os moinhos continuam priorizando o trigo importado. Com o dólar mais baixo, a cotação é de R$ 1.500,00 por tonelada CIF moinho. Na região norte do Paraná, os compradores pagam entre R$ 1.430,00 e R$ 1.440,00 por tonelada CIF, para entrega imediata em unidades menores.

Para o trigo nacional ser competitivo, teria que chegar ao moinho a R$ 1.450,00 por tonelada. Para a safra nova, os compradores indicam R$ 1.400,00 por tonelada CIF moinho para outubro e R$ 1.350,00 por tonelada para novembro. Do lado vendedor, porém, há pouca oferta. O atraso no plantio em algumas regiões do Paraná e do interior de São Paulo, causado pelo frio intenso, deve reduzir a área cultivada. O que estava perfilhando ou espigando nas geadas de fim de junho foi comprometido. Em algumas áreas, a queda pode chegar a 40%. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima retração de 12,6% na área total, para 2,67 milhões de hectares, mas projeta alta de 3,8% na produção, para 8,19 milhões de toneladas, com produtividade média recorde de 3.066 quilos por hectare. No Rio Grande do Sul, a negociação de trigo no spot segue "da mão para a boca". Os moinhos compram à medida que fecham negócios de farinhas. A indústria está abastecida, com trigo suficiente para até 60 dias.

A indústria segue se abastecendo principalmente de trigo importado, dada a baixa qualidade do trigo colhido na safra 2024 no Rio Grande do Sul. Até o fim de junho, pelo menos 250 mil toneladas já foram internalizadas. Desta forma, os volumes que saem no disponível são apenas pontuais. Os preços giram em torno de R$ 1.300,00 por tonelada FOB, para retirada em julho e pagamento entre 15 e 29 de agosto, valor estável há duas semanas. Neste momento, o trigo ainda disponível está na mão de poucos produtores, mais capitalizados, que vendem à medida da sua necessidade. Não há pressão de compra nem de venda, cenário que tende a permanecer assim até a nova colheita. Quanto à safra futura, 2025, como mercado sabe que será menor em relação à safra passada, a paridade de importação tenderá a ser o norteador de preços. No cenário internacional, a pressão vem da ampla disponibilidade e da concorrência acirrada entre exportadores.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial em 2025/2026 deve alcançar 809 milhões de toneladas, novo recorde histórico. O consumo também é recorde, com 808 milhões de toneladas, mas os estoques finais estão projetados em 262,8 milhões de toneladas, o menor nível em uma década. Apesar da queda nos estoques, a disponibilidade global segue ampla e isso limita o espaço para reação dos preços. O trigo segue influenciado pela movimentação do milho, por ser substituto na ração. Com a queda nos preços do milho, o trigo tende a acompanhar o comportamento baixista. A Argentina, principal fornecedora do Brasil, deve colher 20 milhões de toneladas, aumento de 8% ante a safra passada. O governo argentino prorrogou até março de 2026 a redução do imposto de exportação, mantendo a alíquota em 9,5%, o que aumenta a competitividade do trigo do país vizinho frente ao produto brasileiro. A paridade de importação continuará ditando o ritmo do mercado interno. O dólar mais baixo reforça essa pressão e limita espaço para altas mesmo em plena entressafra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.