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04/Jul/2025

Preço do trigo limitado pela oferta global e câmbio

Segundo o Itaú BBA, as cotações de trigo devem continuar com alta limitada ao longo da safra 2025/2026 no Brasil, diante da ampla oferta internacional e da competitividade do cereal importado, especialmente da Argentina. O mercado doméstico enfrenta pressão nas cotações por causa dos preços internacionais enfraquecidos, com destaque para o avanço da safra na Argentina. O cenário externo é marcado por concorrência acirrada entre exportadores e estoques ainda elevados. A produção mundial deve alcançar 809 milhões de toneladas em 2025/2026, um novo recorde histórico, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

O consumo global também é recorde, estimado em 808 milhões de toneladas, mas a relação estoque/consumo está em queda pelo sexto ano consecutivo, com estoques finais projetados em 262,8 milhões de toneladas, o menor nível em dez anos. Mesmo com essa redução dos estoques, os preços continuam pressionados na Bolsa de Chicago, refletindo a forte competição entre os grandes fornecedores. Apesar da queda nos estoques finais, a disponibilidade global segue ampla e isso limita o espaço para reação dos preços. O trigo também é afetado pela movimentação do milho, por ser substituto em ração. Com a queda nos preços do milho, o trigo tende a acompanhar o comportamento baixista. No Brasil, a produção está estimada em 8,19 milhões de toneladas, alta de 3,8% em relação ao ciclo anterior, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A área plantada, no entanto, cai 12,6%, totalizando 2,67 milhões de hectares. A redução de área reflete custos elevados, incertezas de mercado e baixa rentabilidade. No Paraná, a retração pode chegar a 25%, enquanto no Rio Grande do Sul, as lavouras devem ocupar 4% menos área, segundo a Conab. Apesar da menor área, a produtividade média esperada é recorde, com 3.066 Kg por hectare, avanço de 18,9% sobre a safra passada. O plantio foi favorecido pela boa umidade no solo no Paraná e em São Paulo. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o excesso de chuvas atrasou a semeadura e pode aumentar o risco climático em fases críticas da cultura. A previsão climática indica neutralidade, com possibilidade reduzida de La Niña até o fim do ano. A principal preocupação é com geadas tardias nas fases de espigamento e floração. A Argentina, principal fornecedor do Brasil, deve colher 20 milhões de toneladas, aumento de 8% sobre a safra anterior.

A competitividade do trigo argentino foi reforçada com a prorrogação da redução do imposto de exportação até março de 2026. Essa medida mantém os direitos de exportação em 9,5%, o que deve aumentar a concorrência no mercado brasileiro. A combinação de ampla oferta no exterior e dólar mais fraco reduz o custo de importação e pressiona os preços pagos ao produtor nacional, mesmo durante a entressafra. A paridade de importação, principalmente da Argentina, continuará ditando o ritmo do mercado interno. Para a indústria moageira, esse contexto pode abrir oportunidades de compra, especialmente para empresas com maior capacidade de armazenagem. Com o avanço da colheita e clima favorável, os preços tendem a recuar. O câmbio será o principal fator a ser monitorado para as importações e para exportações pontuais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.