30/Jun/2025
O excesso de chuvas na Região Sul do País segue atrasando o plantio do trigo e deteriorando as condições das lavouras recém-emergidas, ao mesmo tempo em que a concorrência com o grão argentino, mais barato, pressiona os preços internos e dificulta negócios no mercado spot. Os moinhos não querem pagar mais de R$ 1.450,00 por tonelada no trigo nacional, enquanto o importado, com frete e custo, chega a R$ 1.500,00 por tonelada, ou menos. Os vendedores pedem R$ 1.500,00 por tonelada FOB, mas a liquidez segue baixa. No Paraná, o preço médio do trigo é de R$ 1.483,63 por tonelada, acumulando queda de 3,17% no mês. No Rio Grande do Sul, a cotação média é de R$ 1.338,53 por tonelada, com baixa mensal de 1,82%. A competitividade do trigo argentino contribui para o recuo, já que, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a paridade de importação ficou entre R$ 1.308,00 e R$ 1.397,00 por tonelada, a depender do Estado.
No Paraná, na região de Ponta Grossa, o mercado continua travado, com compradores cautelosos e vendedores exigindo valores mais altos. O produtor já pagou as contas e agora só vende se for bem pago. Mas, os moinhos estão estocados e firmes no preço. Muitos ainda moem trigo importado, que chegou aos “montes” nos últimos meses. Com o avanço da colheita da 2ª safra de milho de 2025 e a elevação dos fretes, o trigo nacional perde competitividade, mesmo com boa qualidade. "O que sobrou é trigo de ótima qualidade, mas os compradores não querem pagar acima do importado. No Rio Grande do Sul, na região da Serra Gaúcha, a negociação continua pouco travada, apenas com acordos pontuais sendo firmados. O preço do trigo argentino está mais atrativo que o nacional. Com dólar baixo e preço do trigo argentino baixo, os moinhos estão voltados ao importado. O cereal argentino chega em moinho da região a R$ 1.500,00 por tonelada, enquanto cereal local gira em torno de R$ 1.400,00 por tonelada (de R$ 1.300,00 a R$ 1.320,00 por tonelada FOB).
A demanda de trigo pela indústria moageira tende a continuar pontual até a entrada da nova safra. No momento, as compras estão limitadas a lotes com condições específicas e prazo alongado para pagamento. A perspectiva é de que os preços do trigo se mantenham estáveis porque não há oferta de trigo do Rio Grande do Sul no spot. O trigo argentino já está em preço baixo, o dólar já está depreciado e haverá diminuição na área plantada no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo que a semeadura não está ocorrendo na velocidade desejada. Segundo a Emater-RS, apenas 39% da área prevista para a cultura no Estado foi semeada até 26 de junho, avanço de 2% na semana. As precipitações frequentes, próximas de 300 milímetros em muitas regiões, causaram erosões e alagamentos severos, exigindo replantio em diversos municípios. Em Bagé, a perda de sementes, plântulas e fertilizantes compromete parte da implantação da safra.
No cenário externo, a Bolsa de Chicago registrou alta moderada na sexta-feira (27/06), com o contrato setembro do trigo ganhando 4,00 cents (0,75%), a US$ 5,40 por bushel. O mercado acompanha o clima nas Grandes Planícies dos Estados Unidos e aguarda o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta segunda-feira (30/06). O USDA deve elevar levemente a área plantada nos Estados Unidos e projetar estoques de 22,73 milhões de toneladas, cerca de 20% acima do volume do ano passado. A Argentina prorrogou na sexta-feira (27/06) a redução do imposto de exportação (“retenciones”) para trigo e cevada até 31 de março de 2026. A medida, anunciada pelo Ministério da Economia, visa manter a competitividade dos embarques, que representam 5% das exportações totais do país. Conforme a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o plantio na Argentina atingiu 72,7% da área estimada de 6,7 milhões de hectares. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.