23/Jun/2025
Segundo o Itaú BBA, a área plantada com trigo no Brasil deve registrar queda de 12,6% na safra 2025, reflexo direto da maior competição com o produto argentino e dos custos de produção elevados, que reduziram a atratividade da cultura para os produtores. No Paraná, principal Estado produtor, a redução projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 23,7%, enquanto no Rio Grande do Sul a queda estimada é de 4,4%. A decisão dos agricultores reflete um cenário de custos elevados e de maior competição com o trigo argentino. A relação de troca com fertilizantes permanece em níveis superiores aos de 2022, especialmente para ureia e MAP. Além de uma relação de troca elevada, as perdas com a quebra no ano passado dificultaram o investimento no Paraná. O movimento de retração coincide com o avanço das importações, que atingiram volume recorde no acumulado do ano. De janeiro a maio de 2025, o Brasil importou 3 milhões de toneladas, o maior volume desde 2007, com a Argentina respondendo por 72% desse total.
O trigo argentino manteve forte competitividade nos moinhos nacionais, com preços inferiores aos do cereal brasileiro no mercado CIF São Paulo. A vantagem competitiva da Argentina foi reforçada pela valorização do Real frente ao dólar e pela prorrogação das retenciones (imposto de exportação) no país vizinho, que mantiveram a alíquota de exportação em 26% até o fim de junho. Essa combinação tornou as importações ainda mais atrativas durante a entressafra brasileira. No mercado doméstico, os preços spot continuam em queda. No Paraná, a cotação recuou 2% entre o início de maio e 10 de junho, fechando a R$ 78,62 por saca de 60 Kg. No Rio Grande do Sul, a queda foi de 4%, para R$ 70,04 por saca de 60 Kg. Os produtores que ainda mantêm estoques aguardam melhores oportunidades para comercializar. O plantio da nova safra avança em ritmos distintos entre os Estados. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que 78% da área já foi semeada, com a maioria das lavouras em boas condições. As chuvas recentes devem contribuir para o desenvolvimento inicial da cultura.
No Rio Grande do Sul, apenas 8% da área foi plantada até o momento, com avanço limitado pelas chuvas frequentes. No Rio Grande do Sul, o trigo deve perder espaço para outras culturas de inverno, principalmente para a canola. A mudança reflete não apenas os custos elevados do trigo, mas também a maior atratividade econômica de alternativas. A redução da área plantada no Brasil ocorre em um momento de ajustes no cenário global. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a estimativa de estoques finais mundiais de trigo de 265,73 milhões de toneladas para 262,76 milhões de toneladas em seu relatório de junho. As importações da China foram estimadas em 6 milhões de toneladas, em virtude da seca. Nos Estados Unidos, a colheita da safra de inverno está atrasada, com apenas 4% das áreas colhidas, enquanto 54% das lavouras apresentam condições boas ou excelentes. Para a safra de primavera, a principal preocupação é a baixa umidade, com apenas 53% das áreas em boas condições, ante 72% no mesmo período do ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.