17/Jun/2025
Os preços do trigo estão enfraquecidos no mercado doméstico. A pressão vem das desvalorizações externa e cambial, do avanço da semeadura no Brasil e da fraca demanda. Muitos agentes de moageiras demonstram estar abastecidos, enquanto outros trabalham com o trigo importado. Os produtores, por sua vez, estão focados nas atividades de campo. Diante disso, a liquidez é baixa no mercado interno. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 2,3% no Rio Grande do Sul, de 2% em São Paulo, de 1,14% em Santa Catarina e de 0,6% no Paraná. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), os valores permanecem praticamente estáveis no Rio Grande do Sul e no Paraná e registram leve alta de 0,2% em Santa Catarina.
De acordo com dados do Departamento de Agricultura os Estados Unidos (USDA), a produção mundial de trigo está projetada em 808,59 milhões de toneladas na safra 2025/2026, praticamente estável em relação ao relatório anterior, mas alta de 1,1% frente a 2024/2025 e um recorde. O consumo mundial está projetado em 809,8 milhões de toneladas em 2025/2026, aumento de 0,2% sobre o relatório de maio e 0,6% maior que o da temporada 2024/2025, com destaques para a Índia, Rússia e Marrocos. Quanto aos estoques finais, houve queda de 1,1% frente ao relatório de maio e baixa de 0,5% frente à safra 2024/2025, com projeção em 262,76 milhões de toneladas. A diminuição no comparativo mensal se deve às reduções na Rússia, Argélia e Estados Unidos.
As transações internacionais são estimadas em 214,33 milhões de toneladas. Para o Brasil, de maio para junho, o USDA manteve a projeção de produção em 8 milhões de toneladas em 2025/2026, sendo 1,4% maior que a temporada de 2024/2025. O consumo deve permanecer estável frente à safra anterior, em 12,1 milhões de toneladas. A área colhida deve cair 8,5% de 2024/2025 para 2025/2026, somando 2,8 milhões de hectares. Em relatório divulgado neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a área de trigo em 2,67 milhões de hectares, 1% abaixo do indicado em maio e 12,6% inferior à da safra de 2024. A produção é prevista em 8,192 milhões de toneladas, queda de 0,8% frente ao relatório anterior, mas alta de 3,8% sobre o volume da safra passada.
A produtividade está estimada em 3,06 toneladas por hectare, aumento de 0,3% frente ao relatório anterior e 18,9% acima da temporada anterior. No campo, ainda de acordo com a Conab, até dia 7 de junho, 42% da área destinada ao trigo havia sido semeada no Brasil. Dentre os três principais Estados produtores, as atividades somam 72% da área do Paraná e apenas 8% do Rio Grande do Sul, devido às chuvas frequentes; em Santa Catarina, a semeadura ainda não foi iniciada. Os valores externos do trigo estão pressionados, refletindo as boas condições de safra de inverno nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2025 do trigo Soft Red Winter registra queda de 2% nos últimos sete dias, a US$ 5,43 por bushel (US$ 199,79 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Julho/2025 do trigo Hard Winter apresenta baixa de 1,5% no mesmo intervalo, a US$ 5,40 por bushel (US$ 198,69 por tonelada).
Segundo dados do USDA, das lavouras de trigo de inverno, até o dia 8 de junho, 54% estavam entre boas/excelentes; 30%, razoáveis; e 16%, ruins/péssimas. Ainda para o trigo de inverno, 4% das lavouras foram colhidas, 7% abaixo do ano passado e 3% inferior à média dos últimos 5 anos. Para safra de primavera, a semeadura foi encerrada, e 53% das lavouras estavam em condições entre boas/excelentes; 38%, razoáveis; e 9% em ruins. Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram avanço de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 237,00 por tonelada. A média de junho/2025 está em US$ 233,40 por tonelada, 0,7% abaixo da média de maio/2025 e 19,2% menor que a de junho/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.