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02/Jun/2025

Preço em desacordo entre agentes limita negócios

A comercialização de trigo no spot patina nas regiões produtoras. Os preços propostos pelos moinhos, cujos silos estão cheios, não satisfazem aos vendedores, que preferem segurar os lotes ainda disponíveis. A safra futura também não anima o comércio, dadas as incertezas sobre o real tamanho da área semeada com o cereal este ano. Deve haver redução tanto no Rio Grande do Sul, em maior proporção, quanto no Paraná. No Paraná, a comercialização de trigo continua lenta, com acordos restritos a volumes pontuais e grande distância em relação a preços entre vendedores e compradores. Na região de Ponta Grossa, os moinhos indicam R$ 1.500,00 por tonelada CIF, para entrega em junho e pagamento no fim de julho, mas os produtores não aceitam menos de R$ 1.600,00 por tonelada.

As vendas que ocorrem são pontuais, normalmente de trigo que já havia sido comprado antes, com qualidade conhecida e uso imediato na indústria. Há moinhos no Estado sem espaço de recebimento nem mesmo para junho, e parte das compras recentes envolve ofertas adicionais sobre lotes que já estavam contratados. A movimentação no mercado interno também perdeu força diante do aumento da oferta na Região Sul, com trigo do Rio Grande do Sul sendo ofertado entre R$ 1.350,00 e R$ 1.400,00 por tonelada FOB e cargas importadas chegando ao porto por até R$ 1.500,00 por tonelada com o fim temporário das retenções na Argentina até 10 de junho.

Para a nova safra, os moinhos indicam entre R$ 1.300,00 e R$ 1.450,00 por tonelada, mas os preços ainda não animam o produtor. Mesmo com projeção de redução de até 30% na área cultivada no Paraná, a boa condição climática pode garantir produtividade satisfatória. Ainda assim, há cautela nas negociações. O principal entrave é que os moinhos não conseguem repassar o preço da farinha. Com esse cenário, a tendência é de manutenção de um mercado ajustado, com foco em contratos curtos e entregas imediatas. Na região oeste do Paraná, há registro de negócios pontuais a R$ 1.550,00 por tonelada CIF, mas a maior parte dos vendedores indicam, no mínimo, R$ 1.550,00 por tonelada FOB.

No Rio Grande do Sul, os preços do trigo estão em leve queda, com índice baixo de moagem aliado à disponibilidade elevada. É provável que o Estado ainda tenha pelo menos 375 mil toneladas de trigo estocado. Na região norte estão os maiores volumes. "Na região central e Missões não tem muita oferta. Mesmo com volume disponível, a negociação segue travada, com negócios apenas pontuais. Os vendedores indicam entre R$ 1.350,00 e R$ 1.400,00 no interior para trigo de boa qualidade, mas os moinhos indicam R$ 1.300,00 por tonelada. Com a falta de acordos sobre preços, os negócios não avançam. Para a safra nova, a oferta poderá ficar restrita, em função da redução na área plantada no Rio Grande do Sul.

Com isso, os preços deverão se manter em patamares mais altos. Os vendedores indicam R$ 1.250,00 por tonelada FOB, mas os compradores não se interessaram. Segundo a Emater-RS, persiste um cenário de incerteza entre os produtores sobre a área plantada no Rio Grande do Sul, influenciado principalmente pela frustração da última safra de soja e pela consequente descapitalização. Além disso, os custos de financiamento e do seguro agrícola (Proagro e demais modalidades) são considerados elevados e têm limitado o acesso ao crédito. Desta forma, a área financiada para a cultura nesta safra deverá ser inferior à registrada nos anos anteriores.

Ainda segundo a Emater-RS, em maio de 2024, o Banco Central contabilizou no Estado operações de crédito rural para custeio referentes a aproximadamente 770 mil hectares de trigo. No mesmo período de 2025, esse volume se reduziu para cerca de 380 mil hectares, representando retração aproximada de 50% nas contratações de financiamento para a cultura. Embora ainda haja tempo para novas solicitações e análises de propostas, a amostragem já é representativa, considerando que, em 2024, cerca de 90% das contratações da safra haviam sido efetivadas até o mês de maio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.