28/May/2025
A Be8 estima que sua nova usina de etanol de trigo em Passo Fundo (RS) atenderá entre 23% e 24% da demanda compulsória de etanol anidro do Rio Grande do Sul a partir de 2026. O Estado hoje importa 100% do etanol consumido localmente, criando uma oportunidade de mercado que a empresa pretende capturar com a primeira unidade de produção de etanol de cereais em escala industrial da região. A Kepler Weber anunciou na segunda-feira (26/05) o fornecimento de oito silos com capacidade total de 160 mil toneladas para o projeto, em contrato considerado o maior da companhia dos últimos cinco anos. A usina processará 525 mil toneladas de cereais por ano para produzir 220 milhões de litros de etanol, além de 155 mil toneladas anuais de farelo para alimentação animal. O Estado hoje importa todo o etanol que é consumido, seja o etanol que é adicionado à gasolina ou seja o etanol que é comercializado.
A unidade ficará disponível para comercializar onde houver melhor remuneração, mas projeta que o mercado do Rio Grande do Sul absorverá toda a produção. O projeto, orçado em R$ 1,26 bilhão pela Be8 e com financiamento de R$ 729,7 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deve estar concluído no segundo semestre de 2026. A obra também incluirá a primeira produção industrial de glúten vital do Brasil, um concentrado proteico obtido a partir da farinha de cereais e usado nas indústrias de alimentos, nutrição animal e cosméticos. A escolha pelo trigo como matéria-prima principal decorre das limitações climáticas do Rio Grande do Sul para o cultivo de cana-de-açúcar, devido à formação de geadas no inverno. O Estado possui cerca de 1,3 milhão de hectares dedicados ao cultivo de cereais de inverno, área tradicionalmente ociosa entre as safras de soja e milho. O projeto vai dar oportunidade para o produtor ter a opção de comercializar o trigo numa área que normalmente é ociosa.
A usina também poderá processar triticale, sorgo, milho, cevada e aveia, com um terço da capacidade da planta destinada a culturas alternativas ao trigo. A capacidade de armazenagem contratada com a Kepler corresponde a aproximadamente um terço do consumo anual da usina. O trigo tem perfil de comercialização mais concentrado que a soja, exigindo maior capacidade de estocagem. Se a empresa não carregar o estoque, pode ser que a exportação leve esse trigo. Para a Kepler Weber, o contrato surge em momento estratégico. A empresa havia antecipado em abril a assinatura de um "contrato muito relevante" no segmento de biocombustíveis, com faturamento previsto majoritariamente para o terceiro e quarto trimestres de 2025. A Be8, que encerrou 2024 com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorde de R$ 599,3 milhões e receita líquida de R$ 7,3 bilhões, vê no projeto a diversificação além do biodiesel, onde detém 14% do market share nacional.
A parceria entre as empresas não é inédita. Em 2007, a Kepler Weber forneceu silos para a primeira unidade da Be8 em Passo Fundo. A Kepler tem apoiado a expansão das indústrias de etanol no Brasil com tecnologias e equipamentos de ponta. A empresa participa ativamente de sete disputas no setor previstas para os próximos 12 meses, em um universo de cerca de 30 projetos em andamento no País. O projeto da Be8 insere-se em um movimento de expansão do etanol de cereais no Rio Grande do Sul. De acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), o Brasil conta atualmente com 25 biorrefinarias em operação, 10 projetos autorizados para construção pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e outras 20 unidades programadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.