ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/May/2025

Preços do trigo pressionados no mercado interno

Os primeiros dados oficiais indicam que a safra mundial de trigo em 2025/2026 deve atingir produção e consumo recordes. Vale lembrar que, na atual temporada 2024/2025, o consumo deve superar a produção, o que tende a reduzir os estoques de passagens pelo sexto ano consecutivo. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que a produção mundial de trigo está prevista em 808,5 milhões de toneladas na safra 2025/2026, aumento de 1,1% frente à temporada anterior e um recorde. O destaque é o crescimento na produção da União Europeia, de 11,4%, para 136 milhões de toneladas, reflexo de uma recuperação depois das dificuldades climáticas enfrentadas na safra anterior. Além disso, China, Índia, Rússia, Canadá, Argentina, Reino Unido, Egito e Brasil também devem apresentar avanço na produção. Já os Estados Unidos, Austrália, Paquistão, Ucrânia, Cazaquistão e Irã devem registrar colheitas menores em 2025/2026.

Quanto ao consumo global, o USDA projeta incremento de 0,5%, para 807,99 milhões em 2025/2026. Dos 16 maiores consumidores mundiais, estimam-se avanços em 9, estabilidade em 5 e queda de consumo em 2 (Marrocos e Afeganistão). Os estoques finais devem ter leve aumento de 0,2%, mas a relação estoque/consumo deve cair para 32,9%. As transações internacionais são projetadas em 214,16 milhões de toneladas na safra 2025/2026, sendo 6,1% acima das da temporada anterior e representando 26,5% da produção mundial. Para o Brasil, o USDA prevê que a área a ser colhida na safra 2025/2026 seja 8,5% menor que a de 2024/2025, somando 2,8 milhões de hectares. A produção deve crescer 1,4%, indo para 8 milhões de toneladas, e o consumo deve permanecer estável, em 12,1 milhões de toneladas. Na Argentina, principal origem do trigo importado no Brasil, das 20 milhões de toneladas que devem ser produzidas, 13 milhões de toneladas devem ser exportadas.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por sua vez, estima a área destinada ao trigo em 2,7 milhões de hectares, 2,6% abaixo do apontado no relatório de abril e 11,7% menor que a da safra de 2024. A produção deve somar 8,255 milhões de toneladas, redução de 2,56% frente ao relatório anterior, mas alta de 4,6% sobre o volume da safra passada. Esse é resultado de aumento de 18,6% na produtividade em relação à temporada anterior. Somando a produção ao estoque inicial de um milhão de toneladas e a importação de 5,8 milhões de toneladas, a disponibilidade interna é estimada em cerca de 15,06 milhões de toneladas, 1,1% maior que a de 2024. Desse total, a Conab prevê consumo interno de 11,84 milhões de toneladas, a exportação, em 2 milhões de toneladas, e o estoque final (em julho/2026), em 1,21 milhão de toneladas. A safra está avançando de forma gradual, com o ciclo produtivo em fase inicial. Nas mesorregiões em que a semeadura já foi iniciada, as condições hídricas se demonstram favoráveis.

Especificamente até o dia 10 de maio, 18,4% da área destinada ao cultivo de trigo havia sido semeada. No mercado brasileiro, os preços estão pressionados pelo avanço da semeadura no País, por dados indicando safra maior e produtividade mais elevada e pelas boas condições das lavouras até o momento. Moageiras que estão ativas no mercado buscam negociar a valores menores, encontrando vendedores com certa necessidade de vendas imediatas e, portanto, mais flexíveis. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 1,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) do Rio Grande do Sul, 0,49% no Paraná e 0,13% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as reduções são de 3,9% no Rio Grande do Sul, de 2,35% no Paraná, de 2,78% em São Paulo e de 0,58% em Santa Catarina. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2025 do trigo Soft Red Winter registra alta de 0,6% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,25 por bushel (US$ 192,90 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o contrato Julho/2025 do trigo Hard Winter registra leve recuo de 0,2% no mesmo intervalo, a US$ 5,16 por bushel (US$ 189,78 por tonelada). Segundo dados do USDA, até o dia 11 de maio, 54% das lavouras dos Estados Unidos estavam entre boas/excelentes; 28%, razoáveis; e 18%, ruins/péssimas, aumento de 2% para as condições boas. Ainda para o trigo de inverno, 53% das lavouras haviam perfilhado, avanço de 14% no comparativo semanal, em linha com o mesmo período de 2024 e 8% acima da média dos últimos cinco anos. Na safra de primavera, o USDA informou que a semeadura somava 66% da área esperada, avanço semanal de 22%, 7% acima do ano passado e 17% acima da média dos últimos cinco anos.27% da safra tinha perfilhado. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB do trigo registram alta de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 234,00 por tonelada. Na média de maio/2025, o valor está 4,5% abaixo do de abril/2025. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.