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19/May/2025

Preços do trigo pressionados pela oferta elevada

O mercado brasileiro de trigo segue lento, especialmente na Região Sul, onde a oferta remanescente da safra passada ainda pesa sobre as negociações. Cerca de 440 mil toneladas de trigo ainda estão disponíveis no Rio Grande do Sul, volume suficiente para abastecer os moinhos locais até outubro. A demanda, por ora, é baixa, e os compradores seguem seletivos quanto à qualidade. Negociações pontuais no Estado envolvem trigos de PH 76 a preços entre R$ 1.390,00 e R$ 1.400,00 por tonelada. Em Santa Catarina, o mercado permanece estável. Os preços oscilam entre R$ 1.380,00 e R$ 1.500,00 por tonelada FOB, com negócios pontuais. No Paraná, na região dos Campos Gerais, o mercado está travado, pois os compradores reduziram o ritmo após a recente queda do dólar.

Os compradores estavam pagando R$ 1.550,00 por tonelada nos moinhos, mas agora só quem precisa muito indica entre R$ 1.600,00 ou R$ 1.620,00 por tonelada, mas para pagamento mais longo. Há indicações de trigo importado argentino entre R$ 1.500,00 e R$ 1.520,00 por tonelada no porto, e produto do Rio Grande do Sul a R$ 1.350,00 por tonelada no FOB, chegando ao Paraná entre R$ 1.500,00 e R$ 1.550,00 por tonelada. O produtor ainda mantém a indicação de R$ 1.600,00 por tonelada, mas negocia em níveis mais baixos apenas por necessidade de espaço ou capital. Para a safra nova, as indicações estão entre R$ 1.450,00 e R$ 1.500,00 por tonelada CIF moinhos, para entrega entre outubro e novembro. O ambiente está parado. O produtor não reage aos preços indicados.

Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram alta de 0,15% no Paraná e 1,46% em Santa Catarina, mas recuo de 0,95% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a alta é de 0,22% no Paraná, enquanto São Paulo tem queda de 2,6% e o Rio Grande do Sul, de 0,3%. Em Santa Catarina, os valores estão praticamente estáveis (-0,04%). O Indicador Cepea/Esalq está cotado a R$ 1.533,01 por tonelada no Paraná e em R$ 1.387,84 por tonelada no Rio Grande do Sul. Nos últimos sete dias, o preço registra queda de 2,48% no Paraná e de 5,67% no Rio Grande do Sul.

Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que a semeadura da safra 2025 no Estado chegou a 26% até o dia 6 de maio, com destaque para as regiões norte e noroeste. Todas as lavouras germinadas estavam em boas condições. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não atualizou os dados da safra nacional. A consultoria StoneX revisou suas projeções para a safra 2025/2026, apontando queda de 8% na estimativa da área cultivada, agora prevista em 2,57 milhões de hectares. A retração é reflexo de frustrações em safras anteriores, dificuldade de acesso ao crédito rural e desvalorização dos preços. Paraná e Rio Grande do Sul foram os mais afetados, com muitos produtores optando por outras culturas. A redução na produção deve levar a aumento nas importações e menor disponibilidade para exportação. A expectativa é de estoques finais 10% menores em relação às projeções de março.

A balança comercial mostra redução das importações e exportações. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 505 mil toneladas de trigo em abril/2025, 22,5% menos que em março, mas 11,1% acima de abril/2024. O preço médio foi de US$ 235,82 por tonelada (ou R$ 1.362,35 por tonelada). As exportações totalizaram 120,74 mil toneladas, o menor volume em cinco meses. Nos derivados, os preços permanecem estáveis nos últimos sete dias, com variações discretas, com destaque para o farelo a granel (+0,76%) e a farinha de pré-mistura (+0,33%). Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a moagem cresceu 3% em 2024, com destaque para panificação (30% da produção), massas (15,4%) e biscoitos (11,9%). A entidade estima que metade do trigo consumido no País é importado.

Nos Estados Unidos, a proximidade do início da colheita de trigo de inverno é fator baixista para os preços. Uma expedição de safra organizada pelo Kansas Wheat Quality Council estimou que o rendimento médio no estado do Kansas será de 3,56 toneladas por hectare, superando em 201,77 quilos por hectare a projeção feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em seu relatório de oferta e demanda de maio. Apesar do rendimento superior, a produção total esperada é cerca de 177 mil toneladas inferior à estimativa do USDA. Esse declínio pode estar relacionado aos efeitos do vírus do mosaico estriado do trigo, que estaria afetando negativamente a produtividade em parte das lavouras do Kansas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.