22/Apr/2025
O trigo segue valorizado nas principais regiões produtoras do Brasil. A entressafra doméstica e a paridade de preços com o cereal importado dão suporte às cotações. O Indicador Cepea/Esalq mostra aumento de 3%, em média, no preço do mercado de balcão (preço pago ao produtor) no mercado nacional em um mês, mas em algumas regiões o avanço é maior. Em contrapartida, a negociação envolve volumes pequenos pois os preços superiores pressionam as margens dos moinhos. No Rio Grande do Sul, o ritmo de compras está dentro do esperado para o período. Os negócios são pontuais, já que os moinhos estão com moagem e margens baixas. Na região de Ijuí, os valores do cereal se aproximam da paridade de importação, entre R$ 1.460,00 e R$ 1.500,00 por tonelada FOB interior, inalterado nos últimos sete dias e 3,44% maior em um mês. O trigo importado chega a R$ 1.685,00 por tonelada posto no Porto de Rio Grande.
No Paraná, pelo menos até agosto, com a entrada da safra, os preços seguirão firmes. No Estado, a indústria moageira estima que haja necessidade de reajuste de pelo menos 12% nos preços da farinha para reposição do aumento do custo do trigo. Neste cenário, a indústria moageira tem reduzido o volume de moagem, que está cerca de 20% abaixo do planejado. Na região dos Campos Gerais, o mercado continua travado, com pouca liquidez e vendedores firmes nas pedidas. A oferta segue restrita nesta entressafra, e os produtores mostram pouca disposição para negociar. O produtor sabe que não tem muito trigo de qualidade e segura o produto. O que roda é pontual, e quando aparece, já chega nos R$ 1.650,00 por tonelada a R$ 1.670,00 por tonelada CIF. Moinhos mais abastecidos indicam até R$ 1.600,00 por tonelada CIF no mercado disponível, enquanto aqueles que não possuem espaço para armazenamento indicam R$ 1.650,00 por tonelada CIF, para entrega entre maio e junho e pagamento no fim de junho.
Alguns negócios rodam a R$ 1.600,00 por tonelada FOB, para pagamento em junho, mas a maior parte dos vendedores indica R$ 1.700,00 por tonelada FOB. O cereal do Rio Grande do Sul destinado ao mercado do Paraná é cotado a R$ 1.480,00 por tonelada FOB. O trigo argentino gira em torno de US$ 295,00 por tonelada FOB. A consultoria StoneX projeta que os preços do trigo se manterão em patamares elevados no mercado nacional até a entrada da nova safra, que se aproxima do plantio. A StoneX cortou sua estimativa de produção para 2025/2026, passando de 9 milhões de toneladas para 8,6 milhões de toneladas, uma queda de 4,2% sobre a previsão anterior. Ainda assim, o volume representa crescimento de 12,4% ante a safra passada. O principal ajuste veio do Paraná, onde a área foi revisada para 1,05 milhão de hectares, retração de 16% na comparação anual, com produtores optando pelo milho 2ª safra no norte do Estado.
No Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, a estimativa da StoneX foi mantida em 3,81 milhões de toneladas. Porém, o ambiente é de incerteza no Estado, com produtores ainda enfrentando dificuldades de acesso a crédito e seguradoras após perdas na safra de soja. Mato Grosso do Sul mais que dobrou sua produção prevista, para 100 mil toneladas. Goiás e Minas Gerais também devem crescer, mas os ajustes ficaram abaixo do esperado. A estimativa de oferta total no País foi reduzida para 14,96 milhões de toneladas. Os estoques finais foram cortados para 508,5 mil toneladas, 20% abaixo do que era projetado em março. A relação estoque/uso, que mede a folga entre consumo e oferta, caiu de 4,4% para 3,5%. No mercado externo, os contratos futuros de trigo encerraram a quinta-feira (17/04) em leve alta na Bolsa de Chicago, com suporte da queda recente do dólar. O vencimento julho subiu 1,25 cent (0,22%), e fechou a US$ 5,62 por bushel.
Em abril, o índice DXY, que mede a variação do dólar frente a outras moedas fortes, recua cerca de 4,5%, o que torna as commodities dos Estados Unidos mais atrativas para compradores globais. A alta foi limitada por uma revisão para cima na safra da Rússia. A consultoria SovEcon elevou sua projeção de 78,6 milhões de toneladas para 79,7 milhões de toneladas, com melhora nas lavouras de inverno. Ainda assim, o cenário inspira cautela. Embora o clima recente tenha sido favorável, as condições gerais das lavouras permanecem abaixo da média e os déficits de umidade do solo persistem em muitas regiões. Nos Estados Unidos, a safra de inverno também preocupa. Apenas 43% das lavouras do Kansas estão em condições boas ou excelentes, ante 51% na semana anterior. O Monitor da Seca dos Estados Unidos país aponta que 65,96% do solo do Kansas está sob seca moderada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que exportadores venderam 76,5 mil toneladas da safra 2024/2025 na semana encerrada em 10 de abril, volume abaixo da semana anterior, mas dentro das expectativas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.