15/Apr/2025
Apesar da recuperação dos preços do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) registrada nesta parcial de 2025, os avanços verificados nos valores do mercado de balcão (preço pago ao produtor) estão mais contidos. Esse cenário deve limitar a atratividade do cultivo do cereal da temporada deste ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já estima área menor que a de 2024. Assim, um crescimento na produção vai depender da produtividade, que, por enquanto, está estimada para compensar a redução de área e gerar oferta maior em 2025. Enquanto isso, as cotações seguem em alta. De acordo com dados da Conab, a semeadura da safra de 2025 já foi iniciada em Goiás e Minas Gerais. Nos principais Estados produtores, como Paraná e Rio Grande do Sul, as atividades devem começar apenas entre maio e junho. No relatório deste mês, a Conab aponta redução de 9,3% na área destinada à cultura em 2025, indo para 2,77 milhões de hectares. Na média, na Região Sul do País, a diminuição deve ser de 10,9%, influenciada sobretudo pela forte queda de 20,5% na área do Paraná.
A produtividade nacional está estimada pela Conab a 3,06 tonelada por hectare, em média, 18,5% maior que a de 2024, o que contribuiria para uma produção de 8,47 milhões de toneladas, 7,4% acima da do ano anterior. Somando essa produção ao estoque inicial (de 904 mil toneladas) e à importação (de 5,6 milhões de toneladas), a disponibilidade interna é estimada em 14,98 milhões de toneladas, apenas 1,2% maior que a de 2024. Desse total, a Conab estima consumo interno de 11,85 milhões de toneladas, exportação de 2 milhões de toneladas e estoque final de 1,12 milhão de toneladas em julho/2026. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção global de trigo foi ajustada para baixo este mês (com diminuições para a Arábia Saudita e a União Europeia), embora siga estimada em volume recorde, de 796,85 milhões de toneladas. O consumo global está projetado em 805,2 milhões de toneladas, previsto para baixo (0,2%) frente ao mês anterior, em grande parte devido a declínios nas demandas de consumo para alimentos, sementes e consumo industrial para a Índia e a China.
Ainda assim, o consumo deve crescer 0,9% em relação à temporada passada. As transações entre países também foram estimadas para caírem. O aumento da produção em vários dos principais países importadores de trigo, como a China e o Paquistão, reduziu a procura de importação, enquanto os elevados estoques levaram o governo da Turquia a aplicar restrições à importação. Em contrapartida, as ofertas foram menores para os principais exportadores, como a Rússia, a União Europeia e a Ucrânia. Consequentemente, prevê-se que o comércio de trigo diminua 9% em comparação com o ano anterior, o maior declínio anual em décadas, para 203,5 milhões de toneladas, e o menor volume desde 2020/2021. Nos últimos sete dias, os valores do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) apresentam alta de 0,23% no Rio Grande do Sul, 2% em Santa Catarina e estabilidade no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), o preço tem alta de 1% no Paraná, 0,41% em São Paulo e 0,33% em Santa Catarina, mas recuo de 0,1% no Rio Grande do Sul.
No mercado externo, os valores do trigo são impulsionados pela decisão do presidente norte-americano em dar uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas para todos os países, com exceção da China. Além disso, os preços também são sustentados pelas condições da safra de inverno nos Estados Unidos. Segundo o USDA, 48% das lavouras estão em condições entre boas e excelentes, contra 56% no mesmo período do ano passado. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/2025) do trigo Soft Red Winter tem valorização de 5,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,55 por bushel (US$ 204,20 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter registra alta de 1,9%, a US$ 5,68 por bushel (US$ 208,70 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram alta de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 250,00 por tonelada. Em abril/2025, a média está em US$ 249,00 por tonelada, 2,3% acima da média de março/2025 e 1,7% maior que a de abril/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.