31/Mar/2025

Os preços do trigo seguem firmes no spot, com oferta restrita e ritmo lento de negociações. O foco dos produtores na colheita da soja e a baixa disponibilidade de cereal de qualidade continuam limitando os volumes comercializados, especialmente na Região Sul do País. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) revisou para baixo a projeção da safra 2025, que agora é de 2,937 milhões de toneladas, 361 mil a menos que o previsto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ainda assim, o volume seria 28% superior ao da última safra. A área plantada deve recuar 20%, para 912,2 mil hectares, enquanto a produtividade esperada subiu para 3.221 Kg por hectare, ante 2.047 Kg por hectare em 2024.

No Paraná, na região de Ponta Grossa, as indicações no mercado spot de trigo apresentam leve alta nos últimos sete dias, de R$ 1.580,00 por tonelada CIF moinho para entre R$ 1.650,00 e R$ 1.680,00 por tonelada, para entrega em abril e pagamento na segunda metade de maio, impulsionados pelo período de entressafra e pelo aperto na oferta do grão no Estado. Há rumores de alguns volumes rodando no Estado a níveis de R$ 1.600,00 por tonelada FOB. O mercado é pontual. Quem estiver com estoque curto vai ter que pagar o preço que vendedor está pedindo.

No geral, produtores estão ocupados com a colheita da soja e do milho e não mexem no cereal no momento. O trigo do Rio Grande do Sul chega ao Paraná entre R$ 1.650,00 e R$ 1.660,00 por tonelada e o importado, a R$ 1.670,00 por tonelada. Para o trigo futuro, as indicações estão entre R$ 1.450,00 e R$ 1.500,00 por tonelada CIF moinho, para entrega em outubro e pagamento em novembro, mas a negociação ainda é lenta, sem pedida de vendedores. Os custos de produção não estão tão altos, mas os produtores ainda sentem o reflexo de três anos de perdas e quebras na safra.

No Rio Grande do Sul, os moinhos avaliam ofertas para retirada em abril a R$ 1.400,00 por tonelada, enquanto os vendedores indicam entre R$ 1.450,00 e R$ 1.500,00 por tonelada. A moagem continua lenta e com margens apertadas. Para o trigo com colheita prevista entre outubro e novembro, os preços são indicados a R$ 1.330,00 por tonelada CIF moinho e R$ 1.380,00 por tonelada CIF porto. Em Santa Catarina, os produtores elevam as indicações para R$ 1.500,00 por tonelada. O trigo do Rio Grande do Sul, ofertado a R$ 1.450,00 por tonelada FOB, pressiona os moinhos locais.

As dificuldades nas vendas de farinha e os estoques elevados de produto e matéria-prima limitam os ajustes nos preços. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços do trigo operam nos maiores patamares nominais desde agosto de 2024. O trigo pão no Paraná é cotado a R$ 1.529,79 por tonelada. No Rio Grande do Sul, o preço médio é de R$ 1.444,63 por tonelada. A safra de 2024 foi a menor pelo segundo ano consecutivo, levando a disponibilidade interna, no início de 2025, a ser a mais baixa desde 2020.

Os atuais valores domésticos do trigo caminham para os patamares da paridade de importação, podendo, inclusive, chegar a superá-los. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de março, as importações somaram 221,67 mil toneladas, com média diária 8,5% acima da registrada em março de 2024. As exportações foram de 188,39 mil toneladas, com queda de 43,3% no ritmo, embora com preços médios 8,9% maiores.

No mercado externo, os contratos futuros do trigo recuaram na sexta-feira (28/03) na Bolsa de Chicago, pressionados pelas previsões de chuva em áreas produtoras dos Estados Unidos, Rússia, Ucrânia, Romênia e Bulgária. As incertezas em torno de tarifas comerciais também afetaram os preços. Além disso, a Comissão Europeia estimou a produção total de trigo na União Europeia em 2025/2026 em 126,50 milhões de toneladas, acima dos 111,80 milhões de toneladas do ciclo atual. O órgão projetou as exportações do bloco em 29,80 milhões de toneladas, contra 25 milhões de toneladas no atual ano comercial. O vencimento maio do trigo fechou em queda de 3,75 cents (0,70%), a US$ 5,28 por bushel. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.