18/Mar/2025
A disponibilidade limitada de trigo no mercado doméstico neste período de entressafra mantém os preços do cereal em alta no Brasil e a liquidez no spot, baixa. Os vendedores que ainda detêm o cereal estão afastados das negociações, enquanto compradores estão mais ativos, em busca de novos lotes. Assim, muitos demandantes têm se voltado às importações, que, segundo estes agentes, apresentam valores atrativos. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam alta de 2% no Rio Grande do Sul, 1,4% no Paraná e 0,79% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as altas são de 1,47% no Paraná, de 0,91% no Rio Grande do Sul e de 1,39% em Santa Catarina. Em São Paulo, as cotações se mantêm estáveis (-0,09%). De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as previsões iniciais para a safra de 2025 é de alta de 15,6% na produção de trigo frente à temporada de 2024, somando 9,117 milhões de toneladas.
A produtividade deve ter recuperação de 18%, indo para 3,04 toneladas/hectare, enquanto a área de cultivo deve cair 2,1%, para quase 3 milhões de hectares. Essa redução na área se dá pelas incertezas quanto ao clima e ao mercado. Quanto ao balanço de oferta e demanda, de agosto/2025 a julho/2026, as importações de trigo devem somar 5,6 milhões de toneladas, sendo 3,4% menores que a previsão de fevereiro/25 e 12,5% abaixo da temporada de 2024. Os estoques iniciais estão projetados em 904 mil toneladas, estável frente ao relatório anterior, mas forte alta de 79% em relação à safra passada. Com a produção estimada em 9,117 milhões de toneladas, a disponibilidade interna ficaria em 15,6 milhões de toneladas. O consumo interno está previsto em 11,88 milhões de toneladas e as exportações, em dois milhões de toneladas.
Diante disso, o estoque final seria de 1,739 milhão de toneladas, 10% a menos que o previsto em fevereiro/2025, mas quase o dobro do estimado na safra de 2024. Mundialmente, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), houve aumento na previsão da produção de trigo para a temporada de 2024/2025, em 0,4% comparado ao relatório anterior, indo para 797,227 milhões de toneladas. Os reajustes positivos foram da Austrália, Argentina, Ucrânia e Rússia. O USDA estima consumo global de 806,645 milhões de toneladas, 0,4% acima do relatório anterior e 1,1% maior que o da temporada passada. Quanto aos estoques finais, a previsão é de aumento de 1% frente a fevereiro/25, mas queda de 3,5% em relação à safra 2023/2024. Para as importações e exportações mundiais, o USDA estima quedas de 1% frente ao relatório passado e de 7,5% em relação à safra anterior. Para as exportações, os maiores recuos foram apontados para a União Europeia, Rússia e Estados Unidos.
Para as importações, as reduções foram da União Europeia, Bangladesh, China e Turquia. O alto consumo e a queda nas transações mundiais impulsionaram os preços externos. No entanto, a produção maior, sobretudo na Austrália, limitou os ganhos. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/2025) do trigo Soft Red Winter tem valorização de 2,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,45 por bushel (US$ 200,53 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta alta de 4% no mesmo comparativo, a US$ 5,73 por bushel (US$ 210,73 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram avanço de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 241,00 por tonelada. A média de março/2025, de US$ 241,25 por tonelada, está 1,5% acima da média de fevereiro/2025 e 9,1% maior que a de março/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.