17/Mar/2025
A baixa oferta de trigo de qualidade no Brasil mantém os preços elevados e limita as negociações. O cereal já alcança R$ 1.630,00 por tonelada CIF moinho, com negócios pontuais entre R$ 1.550,00 e R$ 1.570,00 por tonelada. No Paraná, a oferta é restrita (menos de 100 mil toneladas para venda). O produtor sabe que vai subir e segura o estoque. No Estado, o valor médio do trigo é de R$ 1.520,74 por tonelada, alta de 1,24% no mês. No Rio Grande do Sul, a cotação é de R$ 1.377,99 por tonelada, avanço de 3,06% no período. Os vendedores continuam retraídos das negociações de trigo no mercado brasileiro, limitando a quantidade de produto disponível. Assim, os preços do cereal seguem avançando.
No Rio Grande do Sul, os compradores indicam R$ 1.350,00 por tonelada, mas os vendedores pedem entre R$ 1.400,00 e R$ 1.450,00 por tonelada. A menor disponibilidade do cereal no mercado interno amplia a dependência de importações. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil adquiriu 582,2 mil toneladas em fevereiro, 10% a mais que no mesmo mês de 2024. Nos últimos 12 meses, o volume importado chegou a 6,8 milhões de toneladas, o maior desde junho de 2019. A Argentina forneceu 88% desse total, seguida por Uruguai (5,4%), Paraguai (3,5%) e Estados Unidos (2,8%). O preço médio foi de US$ 231,00 por tonelada (R$ 1.331,97 por tonelada), valor semelhante ao do mercado do Rio Grande do Sul.
A moagem no Paraná, responsável por 30% da produção nacional de farinha, segue pressionada. Segundo o Sinditrigo-PR, a quebra da safra de 2024 levou o Estado a importar 1,7 milhão de toneladas até a próxima colheita. O ajuste de estoques e a diversificação de fornecedores serão decisivos para manter a competitividade dos moinhos. Em Santa Catarina, a área plantada pode crescer 2%, mas a produção tende a cair 6,3% devido à menor produtividade. O mercado segue fraco, e os preços das farinhas não cobrem os custos, dificultando reajustes. Em São Paulo, a perspectiva para a safra de trigo de 2025 é de manutenção da área cultivada, conforme debatido na primeira reunião anual da Câmara Setorial do Trigo, realizada na semana passada.
Apesar de algumas cooperativas sinalizarem migração para sorgo e milho devido aos custos de produção, muitos agricultores seguem apostando no cereal. O trigo permanece atrativo pela demanda constante e baixo estoque disponível para os moinhos. Outro fator que tem prejudicado o mercado do trigo são os fretes, que seguem elevados devido à colheita da soja e do milho. Segundo Adriano dos Santos, "os fretes estão subindo bem" e já "estouraram umas três, quatro vezes" nas contas de quem precisa transportar o cereal, tornando inviável a movimentação do produto em determinadas situações.
Os futuros de trigo negociados na Bolsa de Chicago encerraram a sessão de sexta-feira (14/03) em território negativo, acompanhando a trajetória do milho. O contrato de maio recuou 5,50 cents (0,98%), fechando a US$ 5,57 por bushel, mas ainda acumula ganho semanal de 1,04%. Em Kansas City, o vencimento similar do trigo duro vermelho de inverno cedeu 1,50 cent (0,26%), cotado a US$ 5,86 por bushel. Ambos os cereais costumam mover-se em sintonia por serem substitutos diretos na composição de rações animais. O clima de incerteza gerado pelas disputas tarifárias também pressiona as cotações, com preocupações sobre o cenário global a partir de 2 de abril, quando novas medidas recíprocas dos Estados Unidos devem entrar em vigor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.