03/Mar/2025

A negociação de trigo segue travada no spot nacional, embora os preços venham subindo, em função da escassez de grão de qualidade. Os compradores indicam ter dificuldades em encontrar cereal de qualidade no mercado spot e, com isso, dão prioridade às aquisições externas. A média de importação de trigo na parcial de fevereiro, entretanto, está abaixo da média de fevereiro de 2024, conforme informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Nos primeiro 15 dias úteis de fevereiro, a média importada foi de 22.441 toneladas, ante 27.849 toneladas da média diária de fevereiro inteiro de 2024.

É possível, entretanto, que, dada a escassez do cereal no mercado interno, e até que a safra nova chegue aos silos, somente no segundo semestre, as importações ganhem força daqui para a frente. Os vendedores, com baixos estoques, estão afastados dos negócios, na expectativa de cotações mais altas nos próximos meses, ainda de entressafra brasileira. Com isso, as negociações envolvendo trigo de qualidade superior (maior ou igual a PH 78) estão limitadas e apenas alguns lotes pontuais são comercializados. Os preços do trigo avançaram 5,19% no mês de fevereiro, a R$ 1.500,17 por tonelada no Paraná. No Rio Grande do Sul, a alta de preços foi de 2,29% em fevereiro, a R$ 1.338,62 por tonelada.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, os preços estão em alta, mas não há registro de negócios. A alta ocorre justamente pela falta de trigo tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul. Os compradores indicam R$ 1.550,00 por tonelada CIF para o grão tipo 1, para entrega em março e pagamento no fim de março, alta de até R$ 50,00 por tonelada nos últimos sete dias. Porém, os produtores indicam R$ 1.500,00 por tonelada no FOB. Além disso, os produtores estão mais preocupados com a colheita da soja, que a partir de agora ganha mais ritmo no Estado. Muitos produtores preferiram já fechar alguns acordos do cereal antes de começar a retirar a oleaginosa dos campos. O produto importado já é negociado entre R$ 1.590,00 e R$ 1.600,00 por tonelada.

No Rio Grande do Sul, a comercialização patina. Além da falta do cereal, os moinhos estão abastecidos e com índice de moagem baixa. Os vendedores também estão retraídos, pois boa parte da safra já foi comercializada. As indicações no spot são de R$ 1.350,00 por tonelada FOB, para retirada e pagamento em março. Só ocorrem negócios pontuais. A perspectiva de o governo federal abrir cota adicional para importação de trigo de fora do Mercosul, aventada na semana passada, não causaria impacto no Rio Grande do Sul, nem no Paraná. Mas, na Região Nordeste do País haveria impacto. A medida abriria espaço para o trigo dos Estados Unidos e da Rússia, sendo que o trigo norte-americano é bem mais caro do que o argentino. Além disso, o trigo russo só pode ser usado por moinhos que estejam nos portos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.