25/Feb/2025
A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 176,5 milhões no quarto trimestre do ano passado. O resultado é 48,4% menor na comparação com igual período de 2023, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 341,9 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 355,3 milhões, recuo de 19,7% frente aos R$ 442,4 milhões do quarto trimestre do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 14,3%, ante 16% de um ano antes, queda de 1,7 ponto porcentual em um ano. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em zero, ante 0,1 vez negativa reportada em igual período de 2023. A receita líquida cedeu 10,2% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,489 bilhões, ante R$ 2,771 bilhões do quarto trimestre de 2023. O recuo de 10% no volume comercializado na comparação com igual período do ano anterior pesou sobre a receita da companhia, enquanto o preço médio se manteve estável.
No último trimestre, a receita líquida de produtos principais da empresa (biscoitos, massas e margarinas) cedeu 11,7%, para R$ 1,917 bilhão. A receita líquida do segmento de moagem e refino de óleos (farinhas, farelo e gorduras industriais) recuou 8,8%, para R$ 441,7 milhões. Já o segmento de adjacências (bolos, snacks, misturas para bolos, torradas, saudáveis, molhos e temperos) teve receita líquida 13,2% superior, para R$ 130,6 milhões. A empresa destacou que a retração da receita líquida refletiu o menor volume vendido. No final de 2023, os clientes foram abastecidos para a implantação do sistema SAP em janeiro de 2024, criando assim uma base de comparação maior para os resultados trimestrais. A M. Dias Branco registrou queda nos seus principais indicadores financeiros no acumulado de 2024. O lucro líquido de R$ 646 milhões no ano é 27,3% menor na comparação ante 2023, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 888,7 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 1,198 bilhão, recuo de 16,4% frente aos R$ 1,434 bilhão do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 12,4%, ante 13,2% de um ano antes, queda de 0,8 ponto porcentual. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 0 vez, ante 0,1 vez negativa reportada ao fim de 2023. A receita líquida cedeu 10,9% na comparação anual, alcançando R$ 9,663 bilhões em 2024, ante 10,840 bilhões de 2023. O resultado é atribuído pela empresa à queda de 1,8% no volume vendido, para 1,755 milhão de toneladas, e de 9,8% no preço médio dos produtos comercializados, para R$ 5,50 por Kg. A queda da receita líquida reflete a redução dos volumes, impactada tanto pela implantação do sistema SAP no 1º trimestre do ano, quanto pela retração observada no 3º trimestre, decorrente dos reajustes de preços implementados em julho de 2024. No último ano, a receita líquida de produtos principais da empresa (biscoitos, massas e margarinas) cedeu 11,0%, para R$ 7,522 bilhões.
A receita líquida do segmento de moagem e refino de óleos (farinhas, farelo e gorduras industriais) recuou 14,5%, para R$ 1,659 bilhão. O segmento de adjacências (bolos, snacks, misturas para bolos, torradas, saudáveis, molhos e temperos) teve receita líquida 8,9% superior, para R$ 481,9 milhões. A participação de mercado da companhia cresceu em biscoitos e farinha, mas recuou em massas em 2024 contra 2023. Em biscoitos, o market share da M. Dias passou de 31,8% em 2023 para 32% em 2024. Em massas, a participação da companhia cedeu de 28,9% em 2023 para 28,8% ao fim de 2024, enquanto em farinha cresceu de 10,7% para 11,9% em um ano. A M. Dias Branco manteve a liderança nacional em biscoitos, massas, granolas e cookies saudáveis. No ano, a empresa investiu R$ 304,4 milhões, 17% inferior aos aportes de 2023, sobretudo para máquinas e equipamentos. A M. Dias Branco registrou recuo de 10% no volume de vendas de seus produtos no quarto trimestre de 2024 na comparação com igual período do ano anterior. O volume vendido pela companhia passou de 479,5 mil toneladas para 431,4 mil toneladas.
Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia cresceram 2,9%. A companhia citou que houve uma base comparação maior contra o quarto trimestre de 2023, em virtude de ter abastecido os clientes em maior volume ao fim de 2023 devido à implementação do sistema de gerenciamento empresarial, o sistema SAP, em janeiro de 2024. O preço médio de todas as categorias ficou estável na comparação anual dos trimestres, a R$ 5,80 por Kg. Ainda como fatos relevantes do quarto trimestre do ano, a companhia destacou a elevada verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,7% e 100%. No último trimestre, a empresa investiu R$ 106,8 milhões, 25,5% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2023. Do montante, 65,2% foram destinados para manutenção e 34,8% direcionados para expansão. Os principais aportes foram investimentos em melhorias na unidade Eusébio (CE) e máquinas e equipamentos para a produção de lámen não frito.
A M. Dias Branco viu sua receita, lucro líquido e Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuarem no 4º trimestre de 2024 na comparação com igual período do ano anterior, mas aposta no crescimento sequencial dos números. Os resultados estão evoluindo sequencialmente com o quarto trimestre apresentando melhora ante o terceiro trimestre. O quarto trimestre historicamente não é o melhor porque há competição com vendas de itens natalinos (panetones, perus), mas o resultado foi melhor, dadas as mudanças que a empresa começou a implementar. Há uma série de medidas na operação interna que começaram a ser implantadas no 3º trimestre de 2024 e já começaram a dar resultado a partir do 4º trimestre. A companhia atribui parte dos resultados do último trimestre de 2024 a uma base de comparação mais forte em igual período de 2023, quando a companhia abasteceu o varejo em volumes maiores como medida preventiva a uma interrupção na operação em janeiro de 2024.
A implementação de um novo sistema de gerenciamento SAP no início de 2024 previa a parada das fábricas por 15 dias em janeiro e quando voltassem não iam ter capacidade de atender o mercado. A empresa criou estoque no último trimestre de 2023 e em dezembro vendeu volume equivalente ao mês e grande parte do volume de janeiro seguinte, por isso, o quarto trimestre de 2023 foi superior ao histórico e deixou uma base maior de comparação. A retração dos resultados trimestrais na comparação anual refletiu também o aumento dos custos. O câmbio médio do 4º trimestre de 2023 foi de R$ 4,90, enquanto o câmbio médio do 4º trimestre de 2024 foi de R$ 6,10. A outra variável de custos foi o óleo de palma que passou de US$ 1.100,00 por tonelada para US$ 1.400,00 por tonelada ao fim do quarto trimestre de 2024. Mesmo contra a sazonalidade do período, no qual geralmente o resultado é mais fraco com vendas de itens natalinos no varejo, houve crescimento de receita em 4%, com mix de preço médio e volume. É um sinal muito bom.
O avanço dos resultados do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2024 reflete uma série de mudanças implementadas pela companhia, em processo de reestruturação de áreas. Entre as ações estão a consolidação do time comercial em uma única diretoria, criação do time de excelência comercial, que monitora indicadores de vendas, a migração da área de precificação para a Vice-Presidência de Controladoria, ajustes na malha fabril e de distribuição, como a interrupção da produção de massas na unidade de Madureira, no Rio de Janeiro, e interrupção da produção de biscoitos na unidade de Lençóis Paulista (SP). São movimentos que ajudam na redução do custo fixo, o que contribui para a melhoria das margens e do resultado operacional da empresa. Uma série de iniciativas que começou a ser feita no terceiro trimestre já começou a demonstrar resultado positivo no quarto trimestre. Do terceiro para o quarto trimestre, houve uma evolução sequencial positiva com as mudanças e ajustes que ainda estão sendo feitos nas operações.
A M. Dias encerrou o quarto trimestre do ano passado com R$ 2,1 bilhões em caixa e dívida líquida de R$ 25 milhões. Essa conjuntura permitiu a companhia alterar a sua política de dividendos, anunciada na sexta-feira (21/02). A companhia informou que passará a realizar distribuições intercalares mensais de dividendos a partir de abril de 2025, no valor de R$ 0,03 por ação, somando R$ 0,09 por ação no trimestre, e que fica mantido o porcentual alvo de 80% do lucro líquido ajustado relativo ao exercício de referência. Com juros altos, indo para 15%, nenhuma empresa está distribuindo mais do que já estava previsto. Como sinal de empresa sólida, a M. Dias decidiu aumentar a distribuição e passar a pagar todo mês a toda a base de acionistas, minoritários e majoritários, sendo a primeira empresa brasileira de alimentos e bebidas com essa política de dividendos. Além do pagamento mensal, houve aumento de 50% no valor pago por ação, de R$ 0,06 por ação ao trimestre por R$ 0,09 por ação ao trimestre.
O foco da M. Dias Branco neste ano é o crescimento orgânico no Brasil. A ideia é focar no que realmente é relevante, dado o momento mais desafiador no Brasil. A empresa deixou a entrada em novas categorias via fusões e aquisições (M&As) e a internacionalização no modo congelado, após vários movimentos em 2021, 2022 e 2023. Hoje, há muitas oportunidades de crescimento no Brasil. 2024 foi um ano desafiador na questão macro, mas foram tomadas medidas para deixar a empresa melhor, aumentar margens e recuperar volumes. Nesse cenário, a companhia vai focar no maior investimento de marketing direcionada aos pontos de vendas em detrimento de verbas repassadas de marketing em geral. O foco será no trade marketing voltado a impulsionar o volume de vendas. As mudanças em curso na área comercial visam buscar volumes adicionais, como a unificação da diretoria comercial, a criação de um time de excelência comercial, a vinculação da área de precificação à diretoria financeira e a criação de uma equipe voltada a food service.
Enquanto não houver a retomada dos volumes, que cederam 10% no quarto trimestre de 2024, a companhia vai continuar readequando o parque fabril e a malha logística. Recentemente, a M. Dias desativou três centros de distribuição (em Belford Roxo, Aracaju e São Luís), desativou a fábrica de biscoitos de Lençóis Paulista (SP) e transferiu a produção de massas de Madureira (RJ). Quando os volumes voltarem, essas fábricas serão reativadas. O objetivo é não fechar fábricas, mas construir fábricas. Num momento em que o mercado brasileiro patina, é preciso buscar otimização e adequar a reserva de capacidade, o que ajuda na redução das despesas administrativas e gerais na redução do custo fixo. Enquanto a economia não deslancha, a M. Dias fará o ‘dever de casa’ reduzindo custos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.