25/Feb/2025
Após resultados fracos no acumulado de 2024, a M. Dias Branco espera a recuperação dos volumes vendidos e o aumento da rentabilidade em 2025. Para tal, a companhia aposta na reestruturação interna, em meio ao cenário macroeconômico ainda desafiador. O momento é de ‘apertar o cinto e fazer o dever de casa’. Há otimismo em relação a 2025 porque a empresa está fazendo mudanças internas com a otimização de plantas e da força fabril. A aposta é no resultado dessas mudanças internas porque a questão macro continua desafiadora. O câmbio arrefeceu, mas ainda é preciso manter a atenção. A companhia é líder nacional em massas, biscoitos e cookies saudáveis. No ano passado, a fabricante de alimentos viu seus principais indicadores financeiros caírem. O resultado veio abaixo do esperado pela empresa. Houve uma queda de volume maior do que o imaginado. Do lado dos custos, o câmbio foi um grande ofensor somado ao aumento das commodities em dólar, sobretudo o aumento dos preços do óleo de palma em dólar.
Em relação ao volume de vendas, a M. Dias entende que pode ter uma melhor uma execução comercial para que os volumes cresçam. A empresa está executando uma série de estratégias para melhorar a performance. O foco é aumentar o volume. Enquanto o volume não reage, a busca é por maior eficiência em despesas. A companhia passa por um processo de readequação de sua estrutura, visando a diluição de custos fixos e redução de despesas gerais, administrativas e de vendas (SG&A). As ações incluem a consolidação do time comercial em uma única diretoria, criação do time de excelência comercial, que monitora indicadores de vendas, a migração da área de precificação para a Vice-Presidência de Controladoria, ajustes na malha fabril e de distribuição, como a interrupção da produção de massas na unidade de Madureira, no Rio de Janeiro, a interrupção da produção de biscoitos na unidade de Lençóis Paulista (SP) e a desativação de três centros de distribuição em Belford Roxo, Aracaju e São Luís.
Outras iniciativas passam pelo maior controle dos gastos com política restritiva para viagens e controle de gastos com marketing. A revisão não compromete o plano de crescimento da empresa. Os resultados da readequação já foram vistos em 2024, quando o SG&A ficou em R$ 2,166 bilhões ante R$ 2,223 bilhões de 2023, o equivalente a 22,5% da receita líquida. Mesmo com inflação em boa parte da linha das despesas, o valor ficou abaixo do nominal de 2023, ou seja, houve diminuição dos gastos. Há um processo contínuo de revisitar a estrutura de despesas. O esforço é ter SG&A em torno de 20% da receita. Uma vez que a receita não veio, a empresa vai segurar as despesas. Novos fechamentos ou suspensões temporárias de unidades fabris, além dos já anunciados, estão descartados no momento. O custo é um grande ofensor, mas com as mudanças em curso devemos manter um nível de despesa menor, mesmo com o crescimento sequencial de receita e com tecnologias para alavancar a produtividade das unidades ativas.
Assim que houver melhora econômica e recuperação de volumes, será possível reativar as fábricas e unidades de distribuição suspensas. As reaberturas dependem dos números. Embora haja otimismo quanto ao desempenho neste ano, se trata de expectativa de evolução sequencial. Não se espera saltos absurdos em volume e margens porque o próprio Brasil está crescendo menos. O cenário macro continua desafiador com câmbio, juros altos, aumento de algumas commodities e menor poder de compra da população com inflação de alimentos firme. Dada a permanência da pressão de custos, com desvalorização do Real ante o dólar e aumento de preços de commodities, como o óleo de palma, a M. Dias prevê a necessidade de novos reajustes de preços dos produtos finais. A dúvida é quanto essa inflação vai prejudicar os volumes vendidos. O mercado como um todo fez repasse de preços em janeiro. Se o câmbio continuar nos patamares atuais, será possível seguir sem novos aumentos.
Do lado da demanda, a empresa vê ainda consumo firme pelo consumidor final, sem rupturas em volumes. Um dos motivos é o fato de as categorias comercializadas pelas empresas serem considerados produtos básicos com baixa elasticidade de demanda, menos sensível a variações de preços. Geralmente bens duráveis começam a sentir mais o impacto da inflação nas vendas. As categorias da M. Dia continuam crescendo, em virtude de serem produtos com grande penetração na cesta básica. Dados da consultoria Nielsen mostram aumento de 2% no valor e volume comercializado de biscoitos no País, enquanto o volume vendido de massas subiu 5% e o valor 2% na comparação entre 2024 e 2023. Mesmo com o cenário macroeconômico mais adverso, a estratégia da companhia segue sendo perseguir crescimento com rentabilidade, baseada no negócio atual, em diversificação de categorias e na expansão internacional, exportações e operação no Uruguai cresceram 25% em receita em 2024.
A participação de inovação com lançamentos focados em marcas próprias foi elevada, especialmente no mercado norte-americano. Como tem custo atrelado ao dólar, a receita em dólar ajuda a diminuir a exposição à desvalorização do Real. Dentre a prioridade de fazer o "dever de casa" ao longo do ano, a M. Dias tende a focar no crescimento orgânico no Brasil neste ano, após várias aquisições em novas categorias e mercados ao longo de 2021, 2022 e 2023. Entretanto, a companhia não descarta eventuais oportunidades de fusões e aquisições (M&As) dada sua capacidade financeira atual. A empresa encerrou o ano com R$ 2,1 bilhões em caixa e dívida líquida de R$ 25 milhões, quase zerada. Os juros atuais podem gerar problemas financeiros a empresas com maior alavancagem e a empresa está preparada para eventuais oportunidades de incorporação de empresas endividadas. A M. Dias encerrou o ano com alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) em zero vez. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.