18/Feb/2025
Os preços do trigo continuam avançando no mercado nacional, sustentados pelo período de entressafra, pela retração de vendedores – que aguardam novas altas nas cotações – e pela valorização externa. Esse cenário, atrelado aos elevados volumes importados em meses anteriores e à dificuldade de repasse de novos reajustes positivos do trigo aos derivados, mantém baixa a liquidez doméstica. No campo, estimativas da Conab apontam área ligeiramente menor sendo dedicada à cultura do trigo em 2025. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) subiram 0,29% no Rio Grande do Sul, 0,61% em Santa Catarina e 0,22% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as altas foram de 1,17% no Paraná, de 2,3% em Santa Catarina e de 0,63% em São Paulo – no Rio Grande do Sul, os valores se mantiveram estáveis. O dólar teve desvalorização de 1,47% frente ao Real no mesmo período, fechando a R$ 5,703.
Os preços de derivados também seguiram firmes. Considerando-se as regiões acompanhadas pelo Cepea, e comparando-se as médias da semana passada (10 a 14 de fevereiro) com as do período anterior (3 a 7 de fevereiro), o farelo de trigo a granel se valorizou 0,23% e o ensacado, ligeiro 0,07%. Para as farinhas, as variações foram positivas em 0,34% para massas em geral, em 0,22% para panificação e em 0,1% para bolacha salgada. Em relatório divulgado neste mês, a Conab estimou a área de 2025 em 2,1% menor que a anterior, para 3 milhões de hectares. Por enquanto, a expectativa é de que a produtividade média nacional possa aumentar em 18%, para 3,04 t/ha, o que geraria oferta de 9,12 milhões de toneladas, 15,6% maior que a temporada anterior. O cultivo de trigo deve se iniciar em meados de abril/25 nos principais estados.
A Conab estima que, de agosto/24 a julho/25, as importações de trigo somem 6,4 milhões de toneladas. Juntamente com os estoques iniciais, de 505,3 mil toneladas, e a produção, de 7,9 milhões de toneladas, a disponibilidade interna entre agosto/24 e julho/25 ficaria em 14,8 milhões de toneladas. Deste total, 11,9 milhões de toneladas devem ser consumidas internamente e 2 milhões de toneladas, exportadas. Assim, o estoque final em julho/25 ficaria em 904 mil toneladas. Para o período de agosto/25 a julho/26, além da produção e do estoque inicial, a estimativa aponta importação de 5,8 milhões de toneladas. Com isso, a disponibilidade interna iria para 15,8 milhões de toneladas, a maior em três anos. Deste total, o consumo interno segue previsto em 11,9 milhões de toneladas e a exportação, também em 2 milhões de toneladas. Se isso ocorrer, os estoques finais iriam para 1,9 milhão de toneladas, o maior desde julho/21.
Dados divulgados neste mês pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam produção mundial em 793,792 milhões de toneladas. O consumo segue previsto em 803,723 milhões de toneladas. O USDA reduziu em 0,5% no comparativo mensal os estoques finais, para 257,561 milhões de toneladas, assim como as transações mundiais, em 1,4%, para 209,3 milhões de toneladas. Os menores estoques e transações mundiais contribuíram para a sustentação dos preços. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/25) do trigo Soft Red Winter se valorizou 3% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 6,0/bushel (US$ 220,46/tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter subiu 2,8%, a US$ 6,2125/bushel (US$ 228,27/tonelada). Nos últimos sete dias, os preços FOB Argentina, avançaram 2,6%, encerrando a US$ 239,00/tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.