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17/Feb/2025

Preços do trigo sustentados com uma baixa liquidez

A disparidade de preços propostos pela indústria de trigo e o que pedem os produtores do cereal tem impedido acordos no spot. A baixa liquidez imperou justamente pela falta de entendimento entre as partes. Por parte dos moinhos, não há necessidade imediata de aquisições, apenas compras planejadas para março. Do lado dos produtores, não há pressão de vendas devido ao espaço disponível para armazenagem. E, justamente porque não tem pressa em vender, produtor arrisca aumentar suas pedidas. Há ainda, como fator altista no mercado doméstico o estoque deficitário do cereal estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) este ano, que deve ficar em 4 milhões de toneladas, o que fará com que as importações se mantenham firmes para abastecer o mercado interno.

O aumento da oferta da Argentina e a redução das retenciones tende a favorecer as compras no país vizinho. Também no mercado internacional, o banco disse que, em janeiro, o trigo registrou variação positiva, com o contrato de março/2025 em Chicago fechando a US$ 559 por bushel, alta de 1,5% ante dezembro. Ainda em janeiro o preço do cereal chegou a atingir o valor máximo de US$ 566 por bushel. A reação é explicada pela expectativa de menor oferta global: as áreas no Hemisfério Norte (EUA e Rússia) não tiveram cobertura de neve suficiente, o que aumenta o risco para a safra em desenvolvimento. A menor disponibilidade atual de trigo na Rússia eleva os preços de exportação, sendo outro fator altista.

Os preços chegaram a cair um pouco durante o mês passado até que o governo Trump, nos Estados Unidos, adiasse a aplicação de tarifas sobre as importações do México e Canadá. No Paraná, as indicações no mercado spot de trigo nesta semana ficaram em média a R$ 1.450 por tonelada CIF para trigo tipo 1, com entrega entre fevereiro e março e pagamento em abril, mas vendedores queriam R$ 1.450 a R$ 1.500 por tonelada FOB. Além de restar pouco trigo paranaense - cerca de 280 mil toneladas -, os moinhos estão com a moagem parada e os estoques de farinha cheios. Eles não conseguem vender farinha porque os compradores estão pagando pouco. E os compradores pagam pouco porque dizem não conseguir vender massas e biscoitos por causa da inflação alta.

Esses itens, considerados supérfluos, são os primeiros que você corta quando a economia doméstica fica mais apertada. Já no Rio Grande do Sul, estima-se que reste cereal gaúcho para comercializar até a metade de abril. Vendedores pedem R$ 1.350 a R$ 1.400 por tonelada para o trigo tipo 1, mas compradores propõem R$ 1.350 por tonelada CIF. As pedidas dos produtores subiram cerca de R$ 100 por tonelada de uma semana para a outra. Quem precisava vender para desocupar espaço no silo já fez isso. E como a soja e o milho estão com quebra de safra no Sul do País, o produtor vai precisar de menos espaço ainda.

Ainda assim, saem negócios pontuais, visto que a disponibilidade do grão gaúcho é maior. Moinhos de fora do Estado compram pouco, enquanto exportadores recorrem ao cereal apenas eventualmente para completar navios. A ausência de demanda fora do Rio Grande do Sul dificulta altas de preço. De todo modo, os preços do trigo gaúcho tendem a subir um pouco mais, porque os estoques só são suficientes para até abril. De abril a agosto só entra trigo importado nos moinhos e em setembro vai ter trigo importado, mas em pouca quantidade. Só em outubro é que os preços devem cair novamente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.