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16/Jan/2025

Brasil aumentou as importações de trigo em 2024

Com a quebra na safra nacional de trigo, o Brasil importou no ano passado o maior volume do cereal desde 2018, no total de 6,648 milhões de toneladas, 59% mais que no ano anterior. As exportações cresceram 20% em 2024 ante o ano anterior, para 2,832 milhões de toneladas, segundo maior volume da série histórica. O aumento da importação do cereal confirma a tendência esperada pelo mercado em meio à menor disponibilidade interna do grão, enquanto a alta da exportação surpreende os agentes, sobretudo com vendas externas de trigo destinado à ração. Os incrementos consecutivos na produção nacional vinham levando o País a diminuir o volume de trigo adquirido no mercado externo, com importações caindo desde 2019.

Entretanto, depois de uma safra de trigo robusta em 2022, o Brasil colheu menos em 2023, por causa do prolongado período de chuvas na Região Sul do País, decorrente do El Niño, e de qualidade inferior, refletindo nos números de mercado de 2024. Com a produção nacional perdendo volume e qualidade, a indústria moageira precisou recorrer mais à importação no ano que passou, segundo a StoneX. O valor desembolsado com as compras do cereal foi 26,7% superior, para US$ 1,638 bilhão em relação aos US$ 1,292 bilhão gastos em 2023. O preço médio do trigo importado cedeu 20,26%, passando de US$ 309,10 por tonelada em 2023 para US$ 246,47 por tonelada em 2024, números que refletem o recuo internacional dos preços do cereal, apesar da apreciação do dólar ante o Real, que eleva o custo do trigo importado para os moinhos.

O mercado internacional continuou sendo pressionado ao longo de 2024. Os preços se ajustaram à maior oferta russa e ucraniana, em uma média de US$ 230,00 a US$ 250,00 por tonelada. As importações poderiam ter sido maiores, alcançando 7 milhões de toneladas, caso o aumento do dólar ante o Real não fosse expressivo. O dólar encareceu muito o trigo e, com isso, houve retração em geral no mercado com leve queda na moagem em 2024 ante 2023. Do volume total importado no ano passado, 4,197 milhões de toneladas foram de cereal argentino, mantendo a Argentina como principal país fornecedor do cereal ao Brasil. Na sequência, aparece o cereal do Uruguai (807,531 mil toneladas) e da Rússia (711,578 mil toneladas).

O Brasil importa anualmente cerca de 50% a 60% do volume consumido internamente de trigo, que é de aproximadamente 12 milhões de toneladas. Em 2024, o Brasil exportou o segundo maior volume de trigo da série histórica, atrás apenas do recorde de 2022. No ano, 2,832 milhões de toneladas do cereal brasileiro foram exportadas, com geração de receita de US$ 608,108 milhões. O volume foi 20,31% maior ao exportado no ano anterior (2,354 milhões de toneladas), mas a receita cedeu 16% na mesma base comparativa, para US$ 608,108 milhões, ante US$ 723,927 milhões gerados em 2023. O preço médio do cereal exportado no ano passado foi de US$ 214,70 por tonelada ante US$ 307,51 por tonelada em 2023, queda de 30%. O Brasil exportou no último ano, principalmente, o trigo não utilizado pela indústria local e importou cereal para panificação.

As chuvas ao fim da safra em 2023 estragaram a qualidade de parte do trigo do Rio Grande do Sul e do Paraná, aumentando a oferta do cereal tipo ração. A StoneX aponta que o volume exportado no acumulado do ano surpreendeu o mercado, em virtude da menor produção interna colhida, mas ressalta que os embarques deram vazão ao cereal de menor qualidade, destinado à alimentação animal. Foi exportado basicamente um grande volume de trigo para ração e isso explica, em parte, o preço menor do trigo exportado, já que o valor pago pelo cereal ração é inferior ao cereal tipo pão. No ano, os três principais destinos foram Vietnã (1,332 milhão de toneladas), Filipinas (918,100 mil toneladas) e a Tailândia (258,089 mil toneladas). Esses mercados já eram compradores cativos de trigo brasileiro de qualidade inferior e se tornaram destinos também de cereal de qualidade superior, para moagem, nos últimos anos.

Em dezembro, os moinhos brasileiros compraram 520,913 mil toneladas de cereal no exterior, 31,59% mais que em igual período do ano passado. O valor desembolsado com a importação do produto foi 19,33% superior, no total de US$ 120,056 milhões. O preço médio do cereal importado ficou em US$ 230,47 por tonelada em dezembro. Em ambos os anos, o cereal argentino predominou entre as origens, com 407,486 mil toneladas adquiridas do país em dezembro do ano passado. No mês, as vendas externas de trigo brasileiro somaram 344,245 mil toneladas, gerando receita de US$ 76,062 milhões, alta de 16,57% em volume e de 20,26% em receita ante igual período do ano anterior. A janela favorável à exportação do trigo nacional vai até março. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.