17/Dec/2024
As expressivas importações dos últimos meses e as compras recentes no spot nacional parecem ter deixado demandantes de trigo abastecidos. Os vendedores até reduziram os valores de suas ofertas, mas isso não foi suficiente para atrair compradores. A expectativa de agentes é de retomada das negociações envolvendo volumes maiores somente no próximo ano. Com isso, a liquidez está restrita no mercado brasileiro e os preços, em queda. Ao se considerar as regiões do Paraná e do Rio Grande do Sul, os valores atuais do trigo são os menores desde abril e/ou maio deste ano, que coincide com o período pré-semeadura. Somente em São Paulo, de maior consumo e menor disponibilidade de cereal, as médias mensais estão estáveis nos últimos oito meses. Neste caso, prevalece a paridade de importação em maior intensidade, que, recentemente, tem sustentação vinda do dólar elevado.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram baixa de 2,8% no Rio Grande do Sul, 0,78% no Paraná e 0,42% em Santa Catarina No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 0,62% em São Paulo, de 0,28% no Rio Grande do Sul e de 0,19% no Paraná; há pequena alta de 0,26% Santa Catarina. Conforme números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 8 de dezembro, 98,9% do trigo brasileiro já havia sido colhido, restando apenas 2% do cereal do Rio Grande do Sul e 4,9% de Santa Catarina. Dados divulgados pela Conab na semana passada apontam produção 0,5% menor que a indicada em novembro, devido aos problemas climáticos na safra, principalmente no Paraná, que é o segundo maior Estado produtor. A produção nacional foi prevista em 8,06 milhões de toneladas, com pequena queda de 0,4% em relação à de 2023. Este é o resultado de área 11,9% inferior à do ano anterior e de crescimento de 13% na produtividade média nacional.
A Conab elevou a necessidade de importação para 6,2 milhões de toneladas entre agosto/2024 e julho/2025, contra 5,7 milhões registadas entre agosto/2023 e julho/2024. Somando estoque inicial com produção e importação, a disponibilidade interna passará para 14,8 milhões de toneladas, contra 15,2 milhões no período anterior. Deste total, 11,9 milhões devem ser consumidos internamente e 2 milhões, exportados. Assim, os estoques finais devem ficar em 878,9 mil toneladas em julho/2025, contra 505 mil toneladas contabilizadas em julho/2024. Mundialmente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) segue com a previsão de produção recorde. O USDA prevê produção global de 2024/2025, em 792,947 milhões de toneladas, 0,2% acima da temporada 2023/24. O consumo tem projeção mundial de 802,47 milhões de toneladas, aumento de 0,6% sobre o da temporada passada. Assim, os estoques finais devem ficar em 257,88 milhões de toneladas, queda de 3,6% sobre os da temporada 2023/2024.
A relação estoque final/consumo é prevista em 32,3%, a menor desde 2014/2015. Os futuros de trigo estão pressionados, diante da valorização do dólar frente ao euro, que, ressalta-se, pode prejudicar a competitividade das exportações dos Estados Unidos. Além disso, os dados do USDA reforçam a pressão sobre os valores. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2024) do trigo Soft Red Winter apresenta desvalorização de 2,9% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 5,26 por bushel (US$ 193,46 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem alta de 0,3%, a US$ 5,38 por bushel (US$ 197,96 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 227,00 por tonelada. A média de dezembro está em US$ 224,80 por tonelada, 0,2% abaixo da média de novembro/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.