03/Dec/2024
Enquanto a colheita de trigo no Brasil caminha para o encerramento (restam apenas 3% da área do Rio Grande do Sul e cerca de 25% de Santa Catarina), os demandantes estão ativos nas aquisições de matéria-prima para produção de farinhas. Como a oferta e a qualidade do cereal desta temporada brasileira estão menores, a necessidade de importação deve crescer. Nesse ambiente de colheita, as cotações domésticas do trigo estão enfraquecidas, mas o dólar em patamar recorde em relação ao Real tende a elevar os custos da importação e, consequentemente, a dar suporte aos valores internos. No geral, a liquidez segue lenta no Brasil, devido às movimentações cambiais e ao encerramento do ano fiscal. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços registram recuo de 1% no Paraná, 0,23% em Santa Catarina e 0,2% no Rio Grande do Sul.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), há queda de 1,33% em São Paulo, de 1,18% no Paraná e de 0,64% em Santa Catarina, mas alta de 0,7% no Rio Grande do Sul. Em novembro, a média mensal do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.265,61 por tonelada, queda de 1,1% frente à média de outubro/2024 e de 0,3% sobre a de novembro/2023, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, a média foi de R$ 1.429,98 por tonelada, estável no comparativo mensal, mas 7,4% superior à média de novembro/2023. Em São Paulo, houve respectivas altas de 3,2% e 23,6%, à média de R$ 1.584,73 por tonelada em novembro/2024. Em Santa Catarina, o valor médio foi de R$ 1.426,82 por tonelada, 1,5% inferior ao de outubro/2024, mas 2,6% acima do de novembro/2023. Enquanto as tensões na região do Mar Negro tendem a sustentar os preços do trigo, o fortalecimento do dólar frente a uma cesta de moedas exerce pressão.
No balanço, as cotações internacionais são pressionadas também pelo bom desenvolvimento da safra nos Estados Unidos, diante de chuvas em boa parte das regiões produtoras do país. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados no dia 25 de novembro, com 97% do trigo de inverno já semeado nos Estados Unidos, 55% estão em condições entre excelentes e boas; 35%, em médias; e 15%, ruins ou muito ruins, em linha com o registrado em 2023. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2024) do trigo Soft Red Winter registra desvalorização de 2,2% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,32 por bushel (US$ 195,57 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem baixa de 6% no período, cotado a US$ 5,20 por bushel (US$ 191,34 por tonelada).
Em novembro, o primeiro vencimento do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago teve média de US$ 5,51 por bushel (US$ 202,82 por tonelada), queda de 5,7% frente à média de outubro/2024, mas alta de 1,9% em relação à de novembro/2023. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter teve média de US$ 5,53 por bushel (US$ 203,39 por tonelada) em novembro, recuos de 6,3% na comparação mensal e de 12,2% na anual. Na Argentina, 38,7% da área de trigo já foi colhida, com avanço de 9,4%, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que também manteve sua projeção de produção em 18,6 milhões de toneladas. Os preços FOB do Ministério da Agroindústria da Argentina registram recuo de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 223,00 por tonelada. A média de novembro foi de US$ 225,30 por tonelada, sendo 7% abaixo da de outubro/2024 e 12% inferior à de novembro/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.