12/Nov/2024
Os preços domésticos do trigo estão em alta, tendo como suporte o avanço na Bolsa de Chicago e informações de que o governo possa lançar edital para compra do cereal. Ressalta-se que os aumentos nos valores internos são verificados mesmo diante da colheita no Brasil e das importações intensas de outubro. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços do trigo registram alta de 0,84% em São Paulo, 0,41% no Rio Grande do Sul e 0,32% no Paraná; somente em Santa Catarina há queda, de 0,6%. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), as altas são de 1,95% no Rio Grande do Sul e de 1,15% em Santa Catarina; no Paraná, as cotações se mantêm estáveis. Os atuais valores recebidos por produtores estão abaixo do Preço Mínimo definido pelo governo para o período de julho de 2024 a junho de 2025, o que garante que triticultores acionem a política pública para poderem receber ao menos o Preço Mínimo.
Para o ano-safra vigente, o Preço Mínimo estipulado pelo governo é de R$ 78,51 por saca de 60 Kg para os Estados da Região Sul e de R$ 80,00 por saca de 60 Kg para os demais. Os valores médios mensais operam, desde julho deste ano, abaixo dos Preços Mínimos em todas as regiões, com as maiores diferenças sendo registradas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Com isso, o governo federal sinalizou a possibilidade de lançar edital para comprar até 200 mil toneladas de trigo de produtores no Rio Grande do Sul, por meio do mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF). Por enquanto, não há edital disponível. Mesmo neste cenário, as importações seguem firmes. Em outubro, chegaram aos portos brasileiros 552,4 mil toneladas de trigo, sendo o maior volume para o mês em cinco anos. Com isso, na parcial de 2024, a quantidade total adquirida chega a 5,7 milhões de toneladas, a mais elevada para o período desde 2013. Em 12 meses, a soma chega a 6,4 milhões de toneladas, a maior em quatro anos.
Do total importado, 39,3% tiveram como origem a Argentina; 18,2%, o Paraguai; 15,6%, a Rússia; 14,8%, os Estados Unidos; e 12,1%, o Uruguai. As compras foram direcionadas para 14 diferentes estados, com destaques para Paraná, Pernambuco e São Paulo. A produção mundial de trigo de 2024/2025 foi prevista neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 794,73 milhões de toneladas, 0,5% superior à temporada de 2023/2024 (790,41 milhões de toneladas). O consumo mundial está estimado em 803,41 milhões de toneladas, 0,7% acima do da última safra. Os estoques finais estão previstos em 257,57 milhões de toneladas, redução de 3,3% frente à temporada anterior. As importações e exportações foram previstas em 214,163 milhões de toneladas, queda de 4,4% sobre as da safra anterior. As maiores baixas no volume exportado foram para Argentina, Cazaquistão, Turquia e Brasil. Para as importações, foram estimadas menores quantidades para a China, Turquia e Iraque.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 5 de novembro, 95% das lavouras de trigo do Paraná já haviam sido colhidas. Para o Rio Grande do Sul, a Emater-RS divulgou novas estimativas da safra de 2024, com área total de 1,322 milhão de hectares, redução de 12,2% quando comparada à safra de 2023. A produção deve crescer 57,2%, somando 4,12 milhões de toneladas, resultado da maior produtividade, prevista em 3.116 quilos por hectare, aumento de quase 78% quando comparado a temporada anterior. Quanto aos trabalhos de campo, a colheita já atingiu os 64% no Estado até o dia 7 de novembro. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2024) do trigo Soft Red Winter apresenta valorização de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 5,72 por bushel (US$ 210,36 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem baixa de 0,4% no período, a US$ 5,64 por bushel (US$ 207,33 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.