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12/Nov/2024

M. Dias Branco divulga resultados do 3º trimestre

A fabricante de alimentos M. Dias Branco registrou recuo de 6,9% no volume de vendas de seus produtos no terceiro trimestre de 2024 na comparação com igual período do ano anterior. O volume vendido pela companhia passou de 450,5 mil toneladas para 419,3 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia cederam 17,3%. A redução dos níveis de estoques pelos varejistas é um dos motivos para a retração do volume. O preço médio de todas as categorias caiu 6,6% na comparação anual dos trimestres, de R$ 6,10 por Kg para R$ 5,70 por Kg. A empresa não irá mais desmembrar o volume e preço médio de vendas por segmentos, como fazia anteriormente detalhando os desempenhos em massas, biscoitos e farinha. A partir deste trimestre, os dados de volume e preço médio da companhia serão disponibilizados apenas para a receita líquida total. A M. Dias também não reportará mais a sua participação de mercado trimestralmente.

O market share e a capacidade de produção serão divulgados no fechamento anual, informou a empresa. Ainda como fatos relevantes do terceiro trimestre do ano, a companhia destacou a elevada verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,4% e 100%. No último trimestre, a empresa investiu R$ 84,6 milhões, 20,4% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2023. Do montante, 69,6% foram destinados para manutenção e 30,4% direcionados para expansão. Os principais aportes foram investimentos em máquinas e equipamentos para produção de lámen não frito, obras civis na unidade de Eusébio (CE) e licenças de uso de software. Os resultados da M. Dias Branco referentes ao terceiro trimestre deste ano vieram aquém do esperado pela empresa, com retração de receita no trimestre e no acumulado do ano. O recuo de 6,6% no preço médio dos produtos na comparação anual do período combinado com a queda de 6,9% no volume comercializado pesou sobre a receita da companhia.

O principal fator para a queda da receita foi a retração dos volumes vendidos na comparação do terceiro trimestre com o segundo deste ano e do terceiro trimestre com igual período do ano passado, mas com aumento de 2,2% no total do ano. O recuo do Ebitda no período deve-se à menor receita e menor volume comercializados. O lucro seguiu a mesma tendência de queda do Ebitda na visão ano contra ano e trimestral. A questão do câmbio também foi relevante no trimestre e a alta das commodities em dólar, tanto do trigo quanto do óleo de palma. Entre os destaques positivos do trimestre, está a geração de caixa de R$ 67 milhões no último trimestre mesmo com resultados mais fracos e de R$ 417 milhões no acumulado do ano. O aumento do custo das matérias-primas adquiridas combinado com a desvalorização do Real foram determinantes para o desempenho da empresa no terceiro trimestre deste ano.

No mercado, o preço médio do trigo no terceiro trimestre deste ano foi maior do que no segundo trimestre e menor que no terceiro trimestre de 2023, alcançando US$ 260,00 por tonelada ao fim de setembro, impulsionado pela redução das previsões da safra 2024/2025. O óleo de palma mostrou alta no fim do terceiro trimestre, em virtude das questões climáticas desfavoráveis nas áreas de cultivo na América do Sul, atingindo US$ 1.255,00 por tonelada. Nesse período também houve desvalorização do Real chegando até R$ 5,80 em alguns momentos, o que também pressionou os custos. Os preços dos produtos foram ajustados com expectativa de que mercado fosse acompanhar esse movimento, mas os concorrentes não acompanharam no mesmo momento, gerando impacto desfavorável em volumes e uma desalavancagem operacional. Com isso, não houve a mesma diluição de custos fixos que houve no passado porque o volume foi menor.

A M. Dias anunciou que, em virtude do contexto desafiador, lançou mão de ações "corretivas" para reverter o resultado e adequar a estrutura à realidade atual do mercado. Entre as ações, a companhia destacou a consolidação da equipe comercial em uma única diretoria nacional; ajustes na malha logística, de produção e de distribuição; a consolidação de uma equipe para a excelência comercial; a redução de 850 posições entre mão de obra própria e terceirizada; criação de uma equipe focada em food service; revisão da política de preços; revisão de despesas gerais e administrativas e o fortalecimento das exportações. Os resultados vieram aquém do potencial da empresa. Por isso, já á ações em curso com a expectativa de que entreguem resultado tanto em crescimento de volume, melhoria de Ebitda e lucro líquido ao longo dos próximos trimestres. Os resultados mais fracos da M. Dias Branco no terceiro trimestre deste ano refletem um mercado mais competitivo.

Os resultados refletem um mercado mais competitivo, com pouca margem para precificação, com inflação corroendo renda do consumidor e com a desvalorização do Real pressionando custos, já que a matéria prima importada representa 60% do custo da empresa. O momento exige "correções de rotas". O mercado está muito mais volátil com pressão de questões macroeconômicas, como a flutuação do câmbio, quase batendo R$ 6,00 e a inflação corroendo a renda. O mercado está muito sensível a reajuste de preços de produtos, o que exige mais precisão no processo. A companhia já lançou mão de medidas corretivas para retomar volume de vendas e melhorar a precificação dos produtos. A M. Dias Branco quer retomar o patamar de despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) próximo a 20%. O SG&A da companhia antes da reestruturação do Multiplique em 2020 era próximo de 25% a 26% da receita líquida, quando revisado ficou próximo de 20%. Alavancas para redução do SG&A estão em curso.

Toda trilha de ações vai na direção de SG&A representar algo próximo de 20%. No período, as despesas com vendas e administrativas da empresa representaram 23% da receita líquida, aumento de 2,5% em um ano. Com a retração da receita líquida, o SG&A ficou desproporcional. Em números absolutos, ele está menor, mas a representatividade ante a receita aumentou. É preciso readequar o SG&A ao patamar atual de receita e, assim que a receita evoluir e o mercado melhorar, haverá maior liberdade para investir em SG&A. Além de medidas adotadas no segundo trimestre deste ano, a companhia enxerga outras oportunidades de revisão de despesas que devem melhorar o patamar de SG&A no quatro trimestre deste ano e em 2025. Mudanças maiores ocorrerão à frente do quarto trimestre deste ano. Deve ter mais reflexos dos ajustes de SG&A no quarto trimestre e em 2025. Entre as ações corretivas em curso, a companhia citou o congelamento de vagas, a redução de despesas discricionárias e de terceiros.

Há retração na venda das categorias da empresa no varejo, mas a demanda pelo consumidor final segue estável. A companhia informou que varejistas reduziram estoques de produtos no terceiro trimestre deste ano, o que refletiu sobre os volumes vendidos e receita da empresa. O varejo está pressionado pelo custo financeiro Brasil com a Selic aumentando. Isso está claro. As negociações foram duras principalmente com varejistas de capital aberto. Há uma preocupação cada vez maior com o custo financeiro. Ainda não é possível aferir se o nível de estoques mais baixo do varejo se assemelha a outros momentos recentes, como no terceiro trimestre de 2023. Mas, há sinais claros de que os varejistas estão operando com nível menor de estoques. Apesar da retração do varejo, não há retração da demanda do consumidor final. Não há grandes volumes vendidos, mas o mercado está mais estável. Entretanto, o consumidor está mais sensível quanto a reajuste de preços, portanto a elasticidade de demanda aumenta quando há precificação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.