05/Nov/2024
Os avanços da colheita e, consequentemente, da disponibilidade de trigo no mercado brasileiro pressionaram as cotações domésticas do cereal em outubro. Esse cenário foi verificado mesmo com o valor interno do trigo operando abaixo do de importação. A maior paridade de importação tem sido sustentada pelo dólar valorizado frente ao Real. Ainda assim, os preços domésticos do trigo estão acima dos registrados em outubro do ano passado, em termos reais. A média do cereal negociado no Paraná foi de R$ 1.430,49 por tonelada em outubro, queda de 3,4% frente à de setembro/2024, porém, 32,6% acima da de outubro/2023, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.279,45 por tonelada, 6,2% menor que a do mês anterior, mas 13,5% superior à de outubro/2023. Em São Paulo, por sua vez, a média foi de R$ 1.535,02 por tonelada, alta de 0,3% na comparação mensal e de expressivos 30,8% na anual. Em Santa Catarina, a média de outubro, de R$ 1.447,91 por tonelada, ficou 3,7% inferior à de setembro/2024, mas 14,6% acima da média de outubro/2023.
Especificamente nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram aumento de 0,34% no Rio Grande do Sul, queda de 0,25% em Santa Catarina e estabilidade no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as variações são negativas em 0,8% no Rio Grande do Sul e em 0,22% em Santa Catarina, mas positivas em 0,58% em São Paulo e em 0,22% no Paraná. No campo, as chuvas mais intensas preocupam os produtores quanto à qualidade do trigo, mesmo naquelas lavouras de final de ciclo. Quanto aos trabalhos, no Rio Grande do Sul, o último relatório da Emater-RS destacou que a colheita do cereal atingiu os 48%, e a qualidade dos grãos está desigual. Das lavouras ainda no campo, 40% estão em fase de maturação; 11%, em enchimento dos grãos; e 1% está em floração. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita atingiu 91% da área.
A produtividade segue abaixo do esperado, devido aos problemas climáticos que afetaram as lavouras nesta safra. Nas regiões em que as chuvas estão mais intensas, a qualidade está inferior ao desejado, mas, de modo geral, grande parte ainda apresenta boa qualidade. Tomando-se como base números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 21 a 25 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 276,55 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,70, o cereal importado foi negociado a R$ 1.577,43 por tonelada, ao passo que a média de preço do Cepea está em R$ 1.422,51 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 259,18 por tonelada, o equivalente a R$ 1.478,38 por tonelada, enquanto o preço Cepea está em R$ 1.269,96 por tonelada. Em outubro, as cotações externas acumularam altas, puxadas pelas condições desfavoráveis das lavouras de inverno nos Estados Unidos.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgados dia 28 de outubro, 38% da safra apresenta condições entre boas e excelentes, contra 47% no mesmo período do ano. Quanto à semeadura, 80% da área norte-americana estimada foi semeada, avanço semanal de 7%. Na última semana do mês passado, especificamente, os preços caíram, devido à forte valorização do dólar frente às principais moedas. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/24) do trigo Soft Red Winter registra baixa de 0,2% nos últimos sete doas, a US$ 5,68 por bushel (US$ 208,70 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem recuo de 0,9%, a US$ 5,66 por bushel (US$ 208,24 por tonelada). Em outubro, o primeiro vencimento do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago teve média de US$ 5,85 por bushel (US$ 215,01 por tonelada), altas de 2,6% frente à média de setembro/2024 e de 2,2% em relação à de outubro/2023.
Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter teve média de US$ 5,90 por bushel (US$ 217,12 por tonelada) em outubro, aumento de 2,5% na comparação mensal e queda de 11,4% na anual. De acordo com relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita na Argentina atingiu 7,7% da área até 31 de outubro. Os preços FOB do Ministério da Agroindústria da Argentina registram recuo de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 232,00 por tonelada. A média de outubro está em US$ 242,22 por tonelada, 5,9% abaixo da média de setembro/2024. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de outubro (com 19 dias úteis), as importações brasileiras de trigo somaram 477,062 mil toneladas, volume 68,5% superior ao dos 21 dias úteis de outubro/2023 (283,189 mil toneladas). O preço médio do cereal importado foi de US$ 246,90 por tonelada FOB origem, recuo de 13,6% no comparativo anual. Os dados consolidados referentes ao mês completo de outubro deverão ser divulgados nesta semana. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.