29/Oct/2024
As recentes chuvas na Região Sul do Brasil têm prejudicado as lavouras de trigo, sobretudo as do Rio Grande do Sul. As precipitações atrasam a colheita e encharcam os grãos. Vale lembrar que boa parte do cereal está em maturação, fase em que a lavoura fica bastante suscetível ao clima úmido. Diante disso, muitos produtores se afastam das negociações no mercado spot nacional, preferindo ficar à espera do andamento da safra. Aqueles que estão ativos acabam cedendo nos valores das ofertas, atentos à possibilidade da redução da qualidade dos grãos, por conta do clima desfavorável. Nos últimos sete dias, observa-se quedas nos preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor), sendo de 0,86% no Rio Grande do Sul, de 0,26% em Santa Catarina e de 0,07% no Paraná.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), há forte alta de 2,54% em São Paulo e pequeno avanço de 0,25% no Paraná; em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os valores se mantêm estáveis. A forte valorização do trigo negociado no mercado de lotes de São Paulo, especificamente, se deve à baixa produtividade no Estado. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que 98% da área de trigo já foi colhida em São Paulo. No Rio Grande do Sul, dados da Emater-RS apontam que, até o dia 24 de outubro, 29% da safra já havia sido colhida; do que ainda está no campo, 48% estão em fase de maturação; 20%, em enchimento dos grãos; e 2%, em floração. Entretanto, a qualidade do trigo colhido está com PH um pouco abaixo do padrão (PH 78).
Essa redução na qualidade está associada à alta incidência de doenças, que, por sua vez, se deve às recentes chuvas no Estado. Mesmo com a redução na qualidade, a produtividade ainda é estimada em 3.100 quilos por hectare. No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 87% do trigo já foi colhido, sendo que, do restante, 84% estão em fase de maturação e 16%, em frutificação. A produtividade no Estado ficou abaixo do esperado. Para as áreas que foram atingidas com fortes geadas, a qualidade foi prejudicada, tendo aumento no volume do trigo tipos 2 e 3. Outras áreas registram melhor qualidade, com PH acima de 78. Os futuros de trigo estão pressionados pela expectativa de chuvas nos Estados Unidos.
Além disso, o ritmo avançado de exportações no Mar Negro reforça a pressão sobre os preços. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2024) do trigo Soft Red Winter registra baixa de 0,7% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,69 por bushel (US$ 209,07 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta baixa de 1,5%, a US$ 5,72 por bushel (US$ 210,17 por tonelada). Dados divulgados em 21 de outubro pelo USDA indicam que 73% da área já foi semeada com trigo de inverno. Na Argentina, entre 18 e 25 de outubro, os preços FOB do Ministério da Agroindústria apresentam recuo de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 237,00 por tonelada. A média de outubro está em US$ 244,11 por tonelada, 5,2% abaixo da média de setembro/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.