28/Oct/2024

As chuvas registradas em boa parte da Região Sul ao longo da semana passada aumentaram as incertezas quanto à safra nacional de trigo. No Paraná, as dúvidas recaem sobre a qualidade do cereal. No Rio Grande do Sul, onde as lavouras estão em fase anterior de desenvolvimento, as fortes e contínuas precipitações podem afetar a qualidade e a produtividade da safra. Nesse cenário, a comercialização do cereal patina. Apesar da baixa liquidez, os preços pagos no mercado interno registram, alta de R$ 50,00 e R$ 100,00 por tonelada, a depender da região. Apenas negócios pontuais são reportados, com moinhos e vendedores retraídos. A indústria moageira está em compasso de espera da nova safra e aguarda um cenário mais claro de preços.

No Rio Grande do Sul, região sobre a qual pairam as maiores dúvidas sobre o tamanho da colheita, os preços pagos pelo cereal apresentam alta de cerca de R$ 100,00 por tonelada em um mês. A cotação é de R$ 1.250,00 por tonelada FOB, para tipo 1 com PH 78 ante R$ 1.150,00 por tonelada há trinta dias. Na região da Serra Gaúcha, no spot cereal é cotado a R$ 1.450,00 por tonelada FOB. O mercado está praticamente parado porque ninguém quer fazer estoques, pelo impacto do câmbio e pelo preço da farinha que não corresponde ao preço do trigo. Todos esperam para ver o que vai acontecer com a safra para evitar exposição a risco. O principal receio dos agentes é quanto à qualidade do cereal após as chuvas intensas da última semana. Na região de Ijuí, os vendedores indicam R$ 1.250,00 por tonelada FOB, enquanto os compradores indicam R$ 1.200,00 por tonelada FOB.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, o preço do cereal tem alta de R$ 100,00 por tonelada, para entre R$ 1.530,00 e R$ 1.550,00 por tonelada FOB. Mas, o mercado está parado com todos acompanhando as chuvas no sul do Paraná e no Rio Grande do Sul. O trigo do Paraguai chega na região em torno de R$ 1.540,00 por tonelada, aproximadamente US$ 270,00 por tonelada. Na região norte do Paraná, trigo é comercializado entre R$ 1.500,00 e R$ 1.550,00 por tonelada FOB para tipo 1 PH 78, enquanto o trigo branqueador gira em torno de R$ 1.700,00 por tonelada. Há baixa disponibilidade de trigo de alto padrão, o que mantém os preços firmes.

No Paraná, o efeito das chuvas será maior em qualidade que em volume, o que leva à maior precificação do trigo bom para moagem em detrimento do trigo ração. Se o impacto da quebra da safra for maior que o esperado e o dólar continuar na faixa de R$ 5,70, a tendência é de sustentação de preços para cereal de qualidade superior. Mesmo com os preços firmes, o cereal local está mais competitivo que o importado. O trigo da Argentina chega na região a R$ 1.600,00 por tonelada (da safra anterior). Em São Paulo, segundo maior polo moageiro do País, trigo argentino chega a R$ 1.700,00 por tonelada contra R$ 1.660,00 por tonelada do cereal do Paraná.

O preço do cereal nacional está subindo acompanhando o importado e o fortalecimento do câmbio. Nas Regiões Norte e Nordeste, que consomem sobretudo trigo importado, a alta do preço do cereal ainda não foi absorvida pelos moinhos, mas a oscilação do dólar já afeta a precificação. Em Fortaleza (CE), o cereal argentino roda em média a US$ 266,00 por tonelada, incluindo custo de frete e entrega em novembro. Para dezembro, com a entrada da safra argentina, o preço recua a US$ 261,00 por tonelada. Em Manaus (AM), cereal proveniente da Argentina é negociado a US$ 275,00 por tonelada, para entrega em dezembro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.