15/Oct/2024
Apesar de preocupações relacionadas à baixa produtividade, o avanço da colheita de trigo na Região Sul do Brasil tem resultado em pressão sobre as cotações internas do cereal. Os vendedores começam a liquidar os estoques de 2023 e muitos estão flexíveis nos valores de negociação. Os compradores, por sua vez, aguardam uma maior entrada de trigo da nova safra e, com isso, apostam em preços menores. No mercado externo, os valores têm reagido, influenciados pela baixa umidade, que preocupa o avanço do cultivo do trigo de inverno no Hemisfério Norte. Na Argentina, o clima desfavorável deve impactar o potencial produtivo, e estimativas já têm sido reajustadas negativamente. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), a queda nos preços é de 3,8% em Santa Catarina, de 1,3% no Rio Grande do Sul e de 0,58% no Paraná, mas alta de 1,8% em São Paulo.
No mercado de balcão (valor pago ao produtor), há aumento de 0,18% no Paraná, de 0,15% em Santa Catarina e de 0,12% no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, segundo dados da Emater-RS, a colheita foi iniciada, com 2% da área já retirada, enquanto outros 30% das lavouras estão em fase de maturação. Porém, há ainda 53% das lavouras em fase de enchimento de grãos; 12%, em floração; e 3%, em germinação/desenvolvimento vegetativo. No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 73% da área foi colhida. Das lavouras ainda no campo, 62% estão em maturação; e 34%, em frutificação. Dados divulgados no dia 11 de outubro pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a temporada 2024/2025 mostram redução frente ao relatório de setembro, nas estimativas de produções para a União Europeia, Rússia, Índia, Brasil e Estados Unidos, levando a oferta mundial para 794,08 milhões de toneladas.
O USDA elevou a estimativa para a Ucrânia em 2,7% frente ao relatório de setembro. O consumo mundial teve redução de 0,3% na projeção, a 802,54 milhões de toneladas. Para os estoques finais, houve aumento de 0,2%, a 257,71 milhões de toneladas, mas ainda sendo o menor desde 2015/2016. Especificamente no Brasil, o USDA estimou queda de 5,3% na produção, saindo de 9,5 milhões de toneladas no relatório de setembro para 9 milhões de toneladas para 2024/2025, mas ainda 11% acima da temporada 2023/2024. Com consumo estável, o volume importado deve somar 5,9 milhões de toneladas. Os preços externos são impulsionados pela falta de umidade nas áreas de semeadura na Rússia e Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2024) do trigo Soft Red Winter registra valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,99 por bushel (US$ 220,09 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem alta de 1,1%, a US$ 6,04 por bushel (US$ 222,12 por tonelada).
Nos Estados Unidos, segundo dados divulgados pelo USDA no dia 7 de outubro, o trigo já foi semeado em 51% da área estimada, 12% acima da semana encerrada no dia 30 de setembro e em linha com o mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos. Na Argentina, relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica aumento de 5% nas lavouras que estão em condições regular/ruins, chegando a 38% das lavouras. Em boas/excelentes estão apenas 29% das lavouras e outros 33% estão em condições normais. A Bolsa de Rosário reduziu a estimativa de colheita de trigo, para 19,5 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas a menos que o estimado anteriormente, sendo o reflexo da falta de chuvas durante setembro e começo de outubro. Os preços FOB do Ministério da Agroindústria da Argentina apresentam recuo de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 245,00 por tonelada. A média de outubro está em US$ 246,11 por tonelada, 4,4% abaixo da média de setembro/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.