09/Oct/2024
Segundo a Solo Corretora, o Rio Grande do Sul deve colher nesta safra 2024 entre 4 milhões e 4,2 milhões de toneladas de trigo, uma boa safra, embora ainda se deve ter atenção ao clima, principalmente nas próximas duas semanas, para garantir a qualidade. Se as chuvas persistirem em um número muito grande de dias, e não só em volume, poderá haver retração na qualidade da safra, tendo em vista que nem 1% foi colhido ainda. Se confirmada, a safra será entre 10% e 14% abaixo da safra 2023, quando, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram produzidos 4,764 milhões de toneladas de trigo no Rio Grande do Sul. A colheita ainda é incipiente e está atrasada em relação a outros anos. Neste período do ano, o normal seria já termos pelo menos 15% da área trabalhada. O excesso de chuvas em maio empurrou para a frente o calendário tradicional de plantio. A semeadura foi feita dentro da janela, o que não representa exatamente um atraso, mas sim algo fora do período tradicional. A área plantada caiu 12,6%, para 1,312 milhão de hectares, conforme a Emater-RS.
O mercado, porém, trabalha com uma área menor ainda, entre 1,15 milhão e 1,2 milhão de hectares, já que houve dificuldade com a compra de sementes. Além disso, o produtor teve um alto custo de plantio, de R$ 3,5 mil por hectare, e enfrentou as enchentes de maio, a dificuldade de financiamento, de seguro e a qualidade de sementes. Esse cenário fez com que a semeadura este ano de trigo no Rio Grande do Sul se concentrasse em um mesmo período e isso também resultará em 50% da colheita concentrada num mesmo momento, o que é ruim em termos de mitigação de risco climático. Justamente por isso, há preocupação quanto aos preços na época da colheita, já que o produtor, endividado, não vai poder segurar o grão. Ele está procurando renegociar dívidas. Historicamente, o produtor do Estado vende 50% da sua safra até 31 de janeiro, a safra vai para cooperativas e cerealistas, que formam os lotes para os moinhos. Mas, este ano não se sabe se ele vai fazer isso. É improvável que o produtor busque recurso financeiro para armazenar.
Em relação ao consumo da colheita 2024, pelo menos 2 milhões de toneladas deverão ser destinadas aos moinhos locais, 1 milhão de toneladas para outros Estados e 1 milhão de toneladas para exportação ou outros usos, como ração, dependendo da qualidade do cereal. Ainda não há um cenário desenhado para transformar o trigo em ração. Embora a safra esperada seja volumosa, ainda há grande preocupação com o clima e com o excesso de chuvas que estão previstas para as próximas duas semanas no Estado. A média de precipitação prevista pelo Inmet para o mês de outubro no Rio Grande do Sul não é boa para o trigo. Em relação à qualidade do trigo colhido atualmente no Estado, ainda há pouco volume para avaliar. Só haverá condições de fazer isso quando entre 20% e 25% do trigo tiver sido colhido. Mas, para saber sobre a qualidade, será preciso esperar as chuvas das próximas duas semanas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.