07/Oct/2024
A negociação no mercado interno do trigo é lenta nas regiões produtoras. Os moinhos seguem abastecidos com trigo importado, sobretudo da Argentina e do Paraguai, e ainda não há o cereal em grande volume da safra nova. A safra velha, referente ao ciclo 2023, não oferece mais produto de qualidade. Com isso, os preços vêm caindo, principalmente devido à baixa demanda. Em setembro, o preço médio mensal do trigo negociado no Paraná foi de R$ 1.482,91 por tonelada, queda de 3,6% frente à média de agosto. No Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.365,13 por tonelada, recuo de 4,5% frente ao mês anterior.
Entretanto, em relação a igual mês do ano passado, descontada a inflação, os preços estão bem superiores, na base de 39% acima no caso do Paraná, e de 18,6% no caso do Rio Grande do Sul. Além de haver pouco grão no mercado interno, a safra 2024 ainda está no campo e, com isso, os moinhos preferem aguardar pelo trigo novo. Enquanto isso, intensificam as importações, que seguem aquecidas, devido à escassez de trigo de maior qualidade (acima de PH 78). Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações de trigo e centeio em setembro somaram 149,15 mil toneladas, avanço de 30,91% em relação às 113,9 mil toneladas importadas em igual mês de 2023.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, de 16 a 20 de setembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 275,99 por tonelada para o produto colocado no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,47, o cereal importado foi negociado a R$ 1.511,96 por tonelada, ao passo que a média de preço Cepea esteve menor, em R$ 1.482,91 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 258,57 por tonelada, o equivalente a R$ 1.416,52 por tonelada, enquanto o preço Cepea está em R$ 1.365,13 por tonelada. Assim, atualmente, os preços internos estão mais atraentes aos compradores, o que pode limitar as recentes quedas no curto prazo.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, a negociação de trigo no spot está travada. Além de haver pouco produto de qualidade disponível, os moinhos estão abastecidos. Além disso, a indústria que tem condição de aguardar pela safra nova do cereal, que está no campo, prefere esperar. Daqui a uns 30 dias começa a colheita. Por enquanto, as lavouras estão se desenvolvendo bem. A indicação de compra é de R$ 1.230,00 por tonelada CIF para o trigo tipo pão, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Os produtores, entretanto, indicam pelo menos R$ 1.500,00 por tonelada FOB, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. É raro trigo conseguir de boa qualidade da safra velha. Quando a colheita 2024 começar, os negócios devem evoluir. Mesmo assim, o que vai mandar nas negociações ainda vai ser o preço.
No Paraná, o mercado registra negociações pontuais, com compradores e vendedores adotando uma postura cautelosa. A quebra da nova safra tem dado suporte aos preços, especialmente na região oeste, onde as indicações para embarque e pagamento em outubro chegam a R$ 1.350,00 por tonelada FOB, com PH 78. Na região norte do Estado, os moinhos indicam R$ 1.450,00 por tonelada, mas os produtores, por meio das cooperativas, pedem entre R$ 1.500,00 e R$ 1.550,00 por tonelada, o que tem mantido o mercado travado. Os produtores até vendem alguns volumes, mas muito pontuais. Eles acreditam que existe espaço para alta nos preços. Os moinhos, por outro lado, além de continuar buscando trigo no Paraguai, também estão comprando cereal do Rio Grande do Sul, que continua mais barato. A expectativa dos produtores do Paraná é a de que a safra no Rio Grande do Sul também tenha alguns problemas e pressione as cotações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.