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23/Sep/2024

Demanda por trigo de fora do Mercosul deve crescer

A indústria moageira avalia como positiva a aprovação do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) de uma cota adicional de 250 mil toneladas para importação de trigo isento de imposto de importação. Para os moinhos, há demanda firme por esse trigo de fora do Mercosul até a entrada em maior volume da safra nacional. A tendência é que a cota seja utilizada na sua totalidade no prazo definido de 25 de setembro a 31 de dezembro deste ano. A cota adicional para importação de trigo isenta da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) para países de fora do bloco foi pedida em junho pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que solicitou volume extra de 500 mil toneladas. Há uma cota em vigência de 750 mil toneladas anuais sem incidência da TEC para importação de trigo de países de fora do Mercosul. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 95% da cota anual já foi utilizada. Hoje, a TEC para trigo importado de fora do Mercosul é de 9%, chegando a 10% com taxas da Marinha Mercante.

O pleito da indústria de um volume adicional isento de imposto de importação decorre da necessidade de maior cereal importado pelos moinhos nacionais após a frustração da safra passada. A intenção é que esse trigo fosse internalizado na janela de julho a setembro, antes da entrada da safra brasileira e argentina, para não encarecer o custo de compra dos moinhos do trigo do exterior. Segundo a Abitrigo, parte do volume já foi internalizada pelos moinhos. Algumas empresas tendem ainda a demandar esse trigo de fora do Mercosul utilizando a cota adicional, mas a tendência é que ele não seja comprado até dezembro porque em outubro há entrada da safra brasileira. A Abitrigo esclarece que o pedido da indústria ocorreu em momento de baixa disponibilidade de trigo no mercado interno, em meio à entressafra nacional, somado ao menor volume disponível de trigo argentino, após queda na produção na safra passada. A maior parte das compras foi feita entre julho e setembro, mesmo com a incidência da TEC.

A Abitrigo estima que a indústria moageira deve importar entre 6 milhões e 6,5 milhões de toneladas de trigo neste ano. Até agosto, o Brasil importou 4,557 milhões de toneladas de trigo, 9% mais que em igual período do ano passado, com desembolso de US$ 1,131 bilhão. Entre as origens, 3,764 milhões de toneladas foram provenientes do Mercosul, sobretudo da Argentina, com 2,953 milhões de toneladas. De fora do Mercosul, a Rússia, de onde foram importadas 501 mil toneladas, e os Estados Unidos, com 257 mil toneladas internalizadas, se destacam entre as origens do cereal. Somente o trigo internalizado dos dois países já supera a cota anual isenta de TEC, de 750 mil toneladas. O volume adicional de trigo com imposto de importação zerado deve ser utilizado sobretudo por moinhos do Norte e Nordeste para compra de cereal russo e norte-americano pelo menor custo logístico, avaliam fontes do mercado. Line-ups de portos russos mostram a saída de cinco embarcações com trigo a caminho do Brasil, totalizando 150 mil toneladas. Essa mercadoria deve chegar no Brasil em meados de outubro e novembro.

A maior parte desse cereal tende a ficar no Nordeste. Foram compras feitas pelos moinhos antes da liberação da Camex, mas que serão beneficiadas pela isenção da TEC. A chegada desse trigo em meados de novembro com preço inferior ao nacional pode pressionar os preços do trigo local. O timing da decisão foi errado, porque esse trigo chegará em meio à safra. Atualmente, trigo russo chega no Nordeste em média a US$ 264 a US$ 265 por tonelada CIF porto com taxa da Marinha Mercante inclusa, enquanto trigo argentino é cotado em torno de US$ 282 por tonelada CIF porto com entrega em outubro. A partir de novembro, contudo, essa competitividade deve mudar com a entrada da safra argentina e o cereal sendo cotado a US$ 255 por tonelada CIF porto. A indústria recorreu ao maior volume de trigo russo neste ano em virtude da menor safra argentina e de os vendedores argentinos terem retraído a venda do cereal. Além disso, o trigo russo é o mais barato do mundo, o que passou a atrair o interesse dos moinhos diante da baixa disponibilidade argentina e nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.