16/Sep/2024
A comercialização de trigo no spot segue travada, com moinhos ainda recorrendo ao cereal importado, dada a escassez de produto de boa qualidade no mercado interno. Há também, discordância quanto aos preços, o que limita mais ainda os acordos. Com isso, os preços estão praticamente estáveis, com poucas oscilações nas regiões produtoras. O valor interno do trigo segue enfraquecido e oscilando conforme as condições de oferta e demanda regionais. No acumulado de 12 meses (de setembro/2023 a agosto/2024), as importações de trigo pelo Brasil somam 5,97 milhões de toneladas, sendo o volume mais alto para o intervalo de 12 meses desde agosto/2022. O custo das importações foi de US$ 264,72 por tonelada, o maior em dez meses. Ainda há apreensão quanto à qualidade da safra de trigo na Região Sul do País. No Paraná, que enfrenta seca, os lotes recém-colhidos têm sido abaixo do padrão ideal. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 9 de setembro, o Paraná havia colhido 18% da área.
As condições das lavouras de trigo apresentavam 31% da área em boas condições, uma queda em relação aos 36% da semana anterior. A área em condições médias subiu para 36%, ante 33% na semana passada, enquanto 33% estão em situação ruim, contra 36% na semana anterior. As lavouras estão nas fases de desenvolvimento vegetativo (5%), floração (9%), frutificação (35%) e maturação (51%). A seca que predominou no País na semana passada deve interferir mais ainda na qualidade do grão. No Rio Grande do Sul, com chuvas mais regulares, praticamente o único Estado brasileiro que não enfrentou a forte estiagem na semana passada, 38% das lavouras estão em floração, 19% em enchimento de grãos e 43% em desenvolvimento vegetativo, apontou a Emater-RS. A ocorrência de chuvas de intensidade variável, mas abrangentes no começo de setembro, beneficiou as lavouras nas diferentes etapas do ciclo. A precipitação restaurou os níveis de umidade do solo, favorecendo igualmente o crescimento e a formação de espigas e grãos.
Quanto à comercialização, no Paraná, na região dos Campos Gerais, o mercado spot de trigo permanece travado. A escassez de oferta local tem levado os moinhos a importarem cereal do Paraguai, com cotações entre US$ 275,00 e US$ 280,00 por tonelada. O receio dos compradores com o trigo da nova safra é grande, especialmente após as geadas recentes. Os preços da nova safra no Paraná variam entre R$ 1.530,00 e R$ 1.550,00 por tonelada FOB, com PH 78, para retirada e pagamento em outubro. Os moinhos indicam entre R$ 1.400,00 e R$ 1.450,00 por tonelada FOB. A estiagem que atinge o Paraná e a previsão de novas frentes frias podem prejudicar ainda mais o rendimento das lavouras. Enquanto não houver um cenário mais claro dos efeitos do clima na safra, o mercado vai seguir morno, especialmente com trigo paraguaio e argentino disponível.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, as indicações de compradores no mercado spot de trigo se mantêm estáveis. Os moinhos compram volumes pontuais nos níveis de R$ 1.450,00 a R$ 1.500,00 por tonelada FOB de trigo com PH 78, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. Os vendedores indicam acima de R$ 1.600,00 por tonelada para o trigo tipo pão. O ritmo das negociações é lento. Os moinhos estão de olho na colheita, que começa em novembro. Para a safra nova, os compradores indicam entre R$ 1.270,00 e R$ 1.300,00 por tonelada CIF no Porto de Rio Grande, para entrega em novembro e pagamento no início de janeiro, mas a expectativa com a retirada do novo cereal dos campos mantém os negócios paralisados. Os produtores indicam R$ 1.500,00 por tonelada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.