10/Sep/2024
Mesmo com os preços de importação elevados, as compras externas de trigo em grão estão crescentes ao longo de 2024, já somando os maiores volumes em dois anos. Esse cenário está atrelado à baixa disponibilidade doméstica de trigo, sobretudo de maior qualidade. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que a quantidade de trigo importada pelo Brasil em 2024 (de janeiro a agosto) soma 4,556 milhões de toneladas, a maior para o período desde 2020 e 9% acima da adquirida em todo ano de 2023 (4,18 milhões de toneladas). No acumulado de 12 meses (de setembro/2023 a agosto/2024), as importações somam 5,97 milhões de toneladas, sendo o volume mais alto para o intervalo de 12 meses desde agosto/2022. O custo das importações foi de US$ 264,72 por tonelada, o maior em dez meses. Em agosto/2024, especificamente, as compras externas totalizaram 545,46 mil toneladas, quase o dobro do importado em agosto/2023 (277,99 mil toneladas).
Do total adquirido em agosto, 34,7% tiveram como origem a Argentina; 27,9%, os Estados Unidos; 16%, o Uruguai; 13,4%, a Rússia; e 7,9%, o Paraguai. Chamam a atenção os crescimentos de origens de fontes como a Rússia e os Estados Unidos, ainda reflexo da menor oferta da América do Sul em 2023. Na Argentina, principal origem do trigo importado no Brasil, à medida que a safra avança e apresenta bom desempenho, os preços caem. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB registram recuo de 2,6% nos últimos sete dias. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 2 a 6 de setembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 276,32 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,61, o cereal importado foi negociado a R$ 1.550,34 por tonelada, ao passo que a média no Estado esteve em R$ 1.490,30 por tonelada.
No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 258,93 por tonelada, o equivalente a R$ 1.452,79 por tonelada, enquanto o preço local foi de R$ 1.374,38 por tonelada. O clima segue prejudicando as lavouras do Paraná, enquanto mais ao Sul do Brasil as condições estão relativamente favoráveis. De modo geral, a colheita continua avançando nas lavouras brasileiras, com as atividades correspondendo a 11,6% da área nacional até a semana passada, segundo a Conab. No Rio Grande do Sul, as lavouras estão no início da fase do enchimento dos grãos e apresentam bom desenvolvimento. Em Santa Catarina, as chuvas recentes beneficiaram o cultivo, que também apresenta desenvolvimento satisfatório. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) mostram que 36% das lavouras estão em condições boas, outras 36%, em condições médias e 28%, em condições ruins. Os valores internos do trigo seguem enfraquecidos e oscilando conforme as condições de oferta e demanda regionais.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), a alta é de 1% em Santa Catarina e de 1,9% no Paraná; no Rio Grande do Sul, a variação é negativa em 0,14%. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam alta de 0,12% no Paraná, se mantêm estáveis em Santa Catarina e têm baixa de 1,3% no Rio Grande do Sul e de 1,4% em São Paulo. Preocupações relacionadas à menor oferta por parte de importantes países da União Europeia têm elevado as cotações do trigo nas bolsas norte-americanas. Além disso, a desvalorização do dólar em relação a importantes moedas, que torna as commodities dos Estados Unidos mais atraentes para compradores internacionais, também sustenta os preços. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Setembro/2024) do trigo Soft Red Winter registra alta de 3,8% nos últimos sete dias, a US$ 5,53 por bushel (US$ 203,28 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem alta de 3,1%, a US$ 5,69 por bushel (US$ 209,35 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.