09/Sep/2024
Os moinhos seguem em compasso de espera em relação à qualidade da safra de trigo que está sendo colhida neste momento no Paraná, o maior produtor nacional. Embora a colheita tenha atingido, na semana passada, 11% da área semeada no Estado, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a qualidade ainda não é a desejada pelos compradores. Assim, há pouca movimentação da indústria no spot do cereal neste momento. Para compensar, moinhos vêm se abastecendo com trigo importado, vide os números da balança comercial divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em agosto, o País importou 545.459 toneladas do cereal, volume 96,21% acima das 277.992 toneladas internalizadas em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até agosto, o Brasil importou 64,58% mais trigo neste ano, ou 4,559 milhões de toneladas, em relação a igual período de 2023, quando se adquiriram do exterior 2,770 milhões de toneladas de trigo. Relatório da consultoria StoneX acrescenta que, com menor produção interna por causa de questões climáticas, o Brasil, de fato, deve aumentar as importações para atender à demanda interna, estimada em 12,5 milhões de toneladas. Com a negociação travada, os preços ficaram praticamente estáveis nas regiões produtoras. No Paraná, os moinhos indicam entre R$ 1.500,00 e R$ 1.600,00 por tonelada CIF para a safra nova, com pagamento em 30 dias. Em Guarapuava, na região centro-sul do Estado, os vendedores indicam entre R$ 1.550,00 e R$ 1.600,00 por tonelada FOB, para pagamento em 30 dias.
Os compradores, porém, indicam R$ 1.450,00 CIF, para retirada em outubro e pagamento em 30 dias. Os moinhos estão especulando preços, esperando o avanço da colheita da nova safra. No Paraná, o maior volume da colheita ocorre em outubro. A negociação é pontual no momento. No Rio Grande do Sul, os moinhos indicam R$ 1.420,00 por tonelada de trigo melhorador com PH 78, enquanto os produtores buscam R$ 1.550,00 por tonelada. O mercado da safra velha está travado, com uma oferta limitada e demanda baixa. A safra nova não está rodando. Na região de Passo Fundo, os moinhos indicam valores para entrega imediata e pagamento em 35 dias, mantendo os preços da semana anterior, mas o produtor pede preços superiores. O mercado está parado.
Apesar de queda de qualidade no trigo colhido no Paraná, ainda há expectativa de boa safra no Rio Grande do Sul, onde a colheita ainda não começou. Segundo a Emater-RS, a maior parte dos cultivos está nas fases finais de desenvolvimento vegetativo, abrangendo 56% das lavouras; 30% estão em floração e 14%, em formação de grãos. A cultura foi favorecida pela maior radiação solar, combinada a condições de baixa umidade e temperaturas frias ou moderadas, o que potencializou o acúmulo de biomassa. A produtividade é projetada em 3.100 Kg por hectare nesta safra. A produtividade no Paraná está em média abaixo de 2.000 Kg por hectare, em função da seca e de temperaturas altas, segundo o Deral/Seab. Embora o tempo seco favoreça a colheita, tais condições podem prejudicar ainda mais as lavouras nas quais os grãos estão em formação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.