20/Aug/2024
As menores produção e qualidade do trigo na safra colhida em 2023 e os bons volumes de exportações especialmente em 2024 influenciaram a importante recuperação dos preços internos do cereal nos últimos 12 meses. Além disso, estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que os estoques finais em julho/2024 devem ser suficientes para menos de três semanas de consumo. Com isso, agentes de indústrias passam a dar maior atenção às importações de trigo, que, na parcial de 2024, já são praticamente iguais às de todo o ano de 2023. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações nos primeiros sete meses do ano somam 2,5 milhões de toneladas, acumulando 2,8 milhões de toneladas em 12 meses (de agosto/2023 a julho/2024). As importações de 2024 superam as 4 milhões de toneladas, contra 4,2 milhões em todo o ano de 2023.
Em 12 meses, chegaram aos portos brasileiros 5,7 milhões de toneladas de trigo, sendo o maior volume acumulado a cada 12 meses desde dezembro/2022. Especificamente em julho/2024, foram importadas 646,2 mil toneladas de trigo. Do total, 41,5% vieram da Argentina e 37,2%, da Rússia. Os Estados Unidos originaram 10,1% das compras externas, e outros 6,3% vieram do Paraguai e 4,9%, do Uruguai. A área com trigo na atual temporada é estimada em 3,069 milhões de hectares, estável frente à publicação anterior, mas 11,6% menor que em 2023. A produtividade prevista teve queda de 1,3% na comparação mensal, mas segue 23,5% superior aos dados de 2023. Assim, a produção está estimada em 8,84 milhões de toneladas, alta de 9,1% sobre a finalizada em 2023. A importação para o período de agosto/2024 a julho/2025 é estimada em 6 milhões de toneladas, contra 5,8 milhões no período anterior.
A disponibilidade interna está projetada em 15,43 milhões de toneladas e o consumo doméstico, em 11,89 milhões de toneladas. As exportações permaneceram previstas em 2 milhões de toneladas. De acordo com relatório mensal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 12 de agosto, a produção de trigo na temporada 2024/2025 deverá ser recorde. Entretanto, a disponibilidade total de trigo será a menor em três safras, o que, por sua vez, resultará em diminuição dos estoques pelo sexto ano consecutivo, com a relação estoque x consumo podendo ser a menor em 11 anos. Dos 16 maiores produtores, a oferta será menor em 5 deles (União Europeia, Rússia, Ucrânia, Turquia e Reino Unido). Mesmo assim, a produção total deverá crescer 1,1%, para 798,3 milhões de toneladas.
Dos 16 maiores demandantes mundiais, espera-se menores consumos em 7 países, sendo eles: China, União Europeia, Rússia, Egito, Irã, Reino Unido e Brasil. Alguns são os mesmos que apresentam redução da oferta, o que deverá elevar os preços e pressionar o consumo. No agregado, o USDA estima demanda mundial em 804,0 milhões de toneladas, 0,7% superior à da temporada 2023/2024. Assim, espera-se que os estoques caiam 2,2%, para 256,6 milhões de toneladas, o que implicaria em uma relação estoque final sobre o consumo de 31,9%. As transações internacionais de trigo e derivados podem cair 4% na temporada 2024/2025. Dos 26 maiores importadores mundiais, somente em 8 devem aumentar as aquisições. Mesmo assim, espera-se recuperação das vendas externas por parte dos Estados Unidos, Argentina e Brasil.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), a alta é de 0,42% no Paraná e de 0,35% em Santa Catarina, mas queda de 0,44% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores registram avanço de 0,77% no Paraná e 0,02% em São Paulo, com estabilidade em Santa Catarina e queda de 1,75% no Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos, o bom desenvolvimento das lavouras pressionou as cotações nas Bolsas. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Setembro/2024) do trigo Soft Red Winter apresenta baixa de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 5,30 por bushel (US$ 194,74 por tonelada. Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem desvalorização de 2,6%, a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,32 por tonelada). Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria registram queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 270,00 por tonelada. A média mensal está em US$ 270,17 por tonelada, sendo 0,89% abaixo da média de julho/2024.
A colheita segue avançando em ritmo lento em diversas regiões do Brasil, como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Para as lavouras ainda no campo, continuam as preocupações com o clima. Para o Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta que apenas 63% das áreas estão em condições boas, contra 83% no mesmo período de 2023. Na semana passada, foram registradas geadas em diversas áreas, o que pode afetar as lavouras em desenvolvimento da metade sul do estado. As regiões norte e oeste do Paraná seguem em colheita, mas os produtores indicam produtividade menor que o esperado, devido aos baixos índices pluviométricos e o calor excessivo no período de desenvolvimento. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indica que 92% das lavouras estavam em germinação e em desenvolvimento vegetativo e 8%, em floração, relativamente atrasado quando comparado aos últimos anos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.