19/Aug/2024
A comercialização de trigo no mercado interno continua pontual. Vendedores e compradores continuam atentos ao desenvolvimento da nova safra, que começou a ser colhida. As incertezas quanto à qualidade do trigo do Rio Grande do Sul com o clima úmido e quanto ao impacto das geadas nas lavouras do Paraná dão o tom da baixa liquidez observada nas principais regiões produtoras. Os preços do cereal, por sua vez, estão em alta no Paraná e se mantêm praticamente estáveis no Rio Grande do Sul. No Paraná, na região dos Campos Gerais, as geadas que ocorram entre os dias 10 e 14 de agosto e variações térmicas extremas impulsionam os preços, em R$ 100,00 por tonelada. Os valores pagos pelo grão subiram para R$ 1.700,00 por tonelada FOB para o trigo tipo pão, com retirada imediata e pagamento no fim de setembro.
Observa-se acordos pontuais, mas a maior parte dos produtores deve deixar para negociar durante a safra. A expectativa é de uma colheita com produtividade e qualidade baixas, em virtude dos contratempos climáticos. Além disso, poucos vendedores ainda têm cereal armazenado para comercializar. Em relação a próxima temporada, os preços se mantêm em R$ 1.400,00 por tonelada para o trigo tipo pão, com retirada em outubro e pagamento em novembro. Os vendedores indicam R$ 1.600,00 por tonelada. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) já considera perdas na produção em virtude das últimas geadas registradas no Estado. As geadas ocorridas no dia 10 de agosto no Estado foram leves, sem gerar prejuízos ao cereal.
Entretanto, o fenômeno reportado no dia 13 de agosto foi intenso e com temperaturas ainda mais baixas, atingindo importante área do cinturão tritícola do Estado. Apesar de serem comuns geadas em agosto no Estado, esta foi intensa, trazendo preocupação especialmente para a região sudoeste do Paraná e para os Campos Gerais. Há mais de 1 milhão de hectares semeados com trigo no Estado, com apenas 1% da área colhida. Entre as áreas a campo, 22% estavam em desenvolvimento vegetativo e devem ser beneficiadas pelas temperaturas negativas, com controle de pragas e melhor perfilhamento. Essas áreas são maioria onde foram registradas temperaturas negativas.
Porém, 57% da área estadual de trigo estava entre espigamento e enchimento de grãos, fases suscetíveis a perdas em maior ou menor escala em função das geadas. Lavouras nestas fases são exceção onde foram registradas as temperaturas mais baixas, devendo apenas uma parcela delas ser comprometida pelo congelamento. Na análise preliminar do Deral/Seab, aproximadamente 200 mil hectares de trigo no Estado terão impactos decorrentes das geadas, de danos pontuais a perdas totais, conforme o estágio de desenvolvimento das lavouras. A dimensão do prejuízo no Estado, contudo, será conhecida somente no relatório desta segunda-feira (19/08), quando as plantas afetadas já mostrarem os sintomas dos efeitos das geadas.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os preços do trigo no mercado spot permanecem estáveis, sem novas transações registradas. Os vendedores indicam R$ 1.500,00 por tonelada FOB para trigo com PH 78 e entre R$ 1.320,00 e R$ 1.400,00 por tonelada FOB para trigo com PH 76, em ambos os casos para retirada imediata e pagamento à vista. O fator qualidade está no radar dos agentes. O mercado está estagnado. A movimentação é mínima e não há ofertas disponíveis. Os compradores estão cautelosos, incertos sobre a qualidade da próxima safra de trigo do Estado. O mercado está totalmente parado. No Estado, o clima está no centro das atenções dos triticultores. Segundo a Emater-RS, na última semana, as chuvas contribuíram para a umidade do solo, mas não para o desenvolvimento das lavouras.
A queda das temperaturas beneficiou o perfilhamento de lavouras de trigo em estágio inicial, mas preocupa os produtores com áreas em floração. De maneira geral, a sanidade das lavouras de trigo está satisfatória. Há alguma ocorrência de doenças e necessidade de aplicação de fungicidas para controle preventivo e continua o monitoramento de pragas e doenças. O Rio Grande do Sul cultivou 1,312 milhão de hectares de trigo, com produtividade estimada em 3.100 quilos por hectare. O desenvolvimento da cultura avançou, e 8% da área está em floração no Estado, mas ainda em menor percentual se comparado a safras anteriores. No Rio Grande do Sul, diferentemente do Paraná em virtude da fase anterior de desenvolvimento do cereal, as geadas são consideradas benéficas nesta fase de desenvolvimento pelo controle de doenças fúngicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.