30/Jul/2024
Os preços internacionais do trigo estão em baixa nos últimos dias, influenciados pela possibilidade de oferta mundial recorde na temporada 2024/2025. Vale lembrar que os valores externos vinham avançando diante da estimativa de menor produção na Rússia (principal exportador mundial de trigo), resultado da queda na área de cultivo no país e das condições climáticas desfavoráveis às lavouras. Entretanto, novas projeções da consultoria SovEcon indicam que a safra russa deve passar de 84,2 para 84,7 milhões de toneladas, elevando o otimismo para uma marca histórica na disponibilidade global de 2024/2025. Números da Argentina também reforçam as expectativas de oferta mundial de trigo elevada.
Relatório divulgado pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires no dia 25 de julho mostra que a maior umidade do solo permitiu a finalização da semeadura em partes da área central, com as atividades alcançando 98,5% dos 6,3 milhões de hectares projetados e produção estimada em 18,1 milhões de toneladas, 19,8% superior à da safra 2023/2024. Nos Estados Unidos, segundo relatório divulgado Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 22 de julho, as lavouras da safra de primavera em condições boas e excelentes estavam em 77% do total. Além disso, a colheita segue avançando: até o dia 21 de julho, 89% da área cultivada havia sido colhida. Como resultado do bom desempenho da temporada 2024/2025, os futuros estão pressionados.
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Setembro/2024) do trigo Soft Red Winter tem baixa de 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 5,23 por bushel (US$ 192,35 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter registra recuo de 5,6% no período, a US$ 5,45 por bushel (US$ 200,44 por tonelada). Na Argentina, os valores FOB do Ministério da Agroindústria apresentam alta de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 274,00 por tonelada. A média de julho está em US$ 272,68 por tonelada, 5,58% menor que a média de junho/2024 (US$ 288,81 por tonelada). Na Região Sul do Brasil, a redução da nebulosidade e o aumento da luminosidade favorecem o desenvolvimento das lavouras já implantadas.
De acordo com a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, a semeadura da safra está em 94% da área, com avanço semanal de 9%. No Paraná, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a semeadura foi concluída. Em Santa Catarina, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 21 de julho, 64% da área destinada ao cultivo do cereal já havia sido semeada. Quanto aos preços, os agentes seguem com dificuldade de acordar valores no mercado doméstico. Além disso, a baixa disponibilidade de trigo de boa qualidade mantém as negociações limitadas neste período de entressafra. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), há queda de 0,17% no Rio Grande do Sul, mas estabilidade no Paraná e em Santa Catarina.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), as variações são positivas em 1,6% no Rio Grande do Sul, em 1,43% no Paraná, mas negativa em 1,17% em São Paulo e estabilidade em Santa Catarina. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de julho (15 dias úteis), as importações brasileiras de trigo somaram 365,357 mil toneladas, volume 12,5% inferior comparado aos 21 dias úteis de julho/2023 (417,75 mil toneladas). O preço médio do cereal importado foi de US$ 253,00 por tonelada FOB origem, queda de 12,4% no comparativo anual. As exportações somaram 28 mil toneladas de trigo na primeira quinzena de julho deste ano. Não houve registro de embarques do cereal em período equivalente de 2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.